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Maçã da Serra:Clima determina qualidade das frutas

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     Fatores climáticos levaram a quebra da safra de maçã de 2012/2013. Pouca chuva, doenças e granizo levaram à redução do tamanho, qualidade e quantidade das frutas. A produção nacional foi de 1,049 milhão de toneladas. Diferente da safra passada, a de 2013/2014. A expectativa é de recuperação com a colheita de 1,2 milhão de toneladas.
Isso é motivo de comemoração para os produtores como o joaquinense Cláudio Cardoso Pereira, de 46 anos. Ele tem o seu pomar há 12 anos e a sobrevivência da família depende, essencialmente, da maçã. O produtor pretende começar a colheita em seu pomar, de dois hectares, a partir da segunda quinzena do mês.
A qualidade das frutas depende do clima. Ele realiza os tratamentos e o trabalho de manejo seguindo as orientações dos especialistas, mas sem cobertura de tela, o pomar fica sujeito ao granizo. O produtor acredita que vai colher entre 60 a 65 toneladas, que serão entregues para uma cooperativa.

Tempo

Os frutos ainda precisam ganhar cor e tamanho, mas é possível prever que a qualidade da safra será excelente. "Aqui fica maduro um pouco mais tarde. Depende do clima para colorir. Ano passado, a fruta deu mais miúda por causa da seca", conta.
As expectativas de Cláudio são as mesmas da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM). O seu presidente, Nicole Pierre Pérès, confirma que não é apenas em São Joaquim que a maçã se apresenta com excelente qualidade nesta safra. "Este ano, a fruta está com tamanho bom, com cor, lisinha, sem doenças", explica.
Com isso, a maçã volta a ter a rentabilidade que se perdeu nos últimos anos devido a produções aquém do esperado.
Doenças como a sarna e o rusting (escurecimento da casca), causadas pelas baixas temperaturas e excesso de chuvas não atingiram as maçãs. Poucas áreas sofrem com granizo, que também danifica os frutos.
O presidente da Associação Catarinense dos Produtores de Maçã e Pera (Amap), Sálvio Proença, destaca que além da boa aparência, a maçã também ganhou tamanho. "Está com calibre a mais que o ano passado e temos uma perspectiva de recuperar a perda de anos anteriores", acrescenta.

Frio determina a dormência da planta

Chuvas regulares, com períodos de sol são fatores ideais para o desenvolvimento das maçãs. Em excesso, a chuva provoca doenças nas frutas; em falta, impede que elas cresçam. Outro fator importante para as maçãs são as horas de frio, e 2013 foi excelente nesse aspecto.
As baixas temperaturas funcionam como um relógio, determinando o tempo que as macieiras devem entrar e sair da dormência, período que a planta acumula energia para o próximo crescimento. "Isso foi preenchido nesse último ano", afirma Gilberto Nava, pesquisador, engenheiro agrônomo e gerente da estação experimental da Epagri de São Joaquim. Ele reforça que não se trata de uma supersafra, mas uma recuperação dos números ruins dos anos anteriores. "Vamos ter frutos bastante sadios em função dessas condições climáticas. As condições de chuva permitiram que eles crescessem de forma razoável", diz.

Manejo

Não basta contar com a natureza. A partir da brotação, os tratamentos preventivos são indicados. "Quando não é possível, os curativos para a sarna e outras doenças fúngicas. Há, também, tiramentos para a mosca da fruta", orienta Nava.
O período de tratamentos químicos vai de outubro a dezembro, incluindo o raleio químico e físico. No outono, com a dormência, é feita a poda.
A Epagri conta com o trabalho dos pesquisadores e extensionistas que trabalham no desenvolvimento e divulgação de atividades de manejo e tratamento, visando a melhorar as frutas e diminuir os custos aos produtores. "Temos um sistema de recomendação de controle de doença muito forte. Desenvolvemos pesquisas voltadas para dizer qual o melhor produto, melhor época para aplicar. Tudo isso é feito pela Estação Experimental", explica.

Genética

Outro foco de pesquisas é voltado para o desenvolvimento de novas mudas a partir de mutações genéticas, principalmente das variedades gala e fugi. "É um trabalho forte de melhoramento vegetal, com os genes de resistência dessas variedades. Tentamos inserir genes mais resistentes, achar variedades que deem menos problemas de sarna, demandem de menos produtos químicos, diminuindo o custo de produção", acrescenta.

Falta de mão de obra é preocupação na horas da colheita

Todos os anos a falta de mão de obra é um problema para os produtores de maçã na hora da colheita. Sálvio Proença, da Amap, estima que apenas em São Joaquim, 1,7 mil trabalhadores de fora vão para município. "Estão trazendo gente da fronteira gaúcha, e pessoal de São Paulo, que antes colhia laranja. Tem empresa que está trazendo 500 trabalhadores", enumera.
Para ele, além da falta de pessoal, as exigências do Ministério do Trabalho são uma preocupação. "Eles exigem detalhes, como tamanho de beliche, lençol, travesseiro, lençol de virar. Nós não usamos lençol de virar, mas o trabalhador tem que ter", declara.


Fonte: CL