Serra tem a pior representação política da sua história

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     Com um potencial de 220 mil eleitores, a Serra Catarinense vive seu pior momento político da história. Com exceção de uma suplente, que atualmente exerce o cargo de deputada federal, a região não tem mais nenhum representante no Parlamento.
A cidade que deu o maior número de governadores para Santa Catarina viveu sua melhor época entre 1962 e 1974, quando teve um governador e chegou a ter por três eleições consecutivas sete representantes, se somadas a Assembleia Legislativa e o parlamento federal.
Desde então, vem numa decrescente, com exceção de 1986, quando elegeu novamente sete representantes. Naquele ano, despontavam lideranças políticas como João Raimundo Colombo (PSD), hoje governador, Ivan Ranzolin (PR) e Francisco Küster (PT). Somou-se à velha guarda do ex-governador joaquinense Henrique Córdova (PSD) e dos ex-prefeitos Juarez Furtado e Dirceu Carneiro.

Daquela nova guarda que surgia, todos continuam, de uma forma ou outra na política.

Küster, em menos de 10 anos, não conseguiu mais se eleger. Ranzolin migrou da Assembleia para a Câmara de Deputados e não se candidata desde 2006. Apenas Colombo não se viu derrotado.
Depois daquela turma de 1986, alguns nomes ficaram marcados para os serranos: Fernando Coruja (PPS), Paulo Duarte (PP), Antônio Ceron (PSD) e, mais tarde, Sérgio Godinho (PTB) e Elizeu Mattos (PMDB), hoje prefeito.
Majoritariamente, os nomes são lageanos, mas eventualmente surgiram nomes de fora de Lages, como Henrique Córdova e Sandro Tarzan, ambos de São Joaquim.Godinho ficou na suplência em 2006 e longe de uma cadeira na Assembleia em 2010. Novos nomes, como Arnaldo Moraes (PP) e Willy Brun Filho (PSD) não conseguiram nada. Era o fim de uma representatividade.
O presidente da Associação Comercial de Lages, Luiz Spuldaro, afirma que os serranos estão tentados pelos candidatos de fora e os partidos políticos lançam candidatos demais, pulverizando os votos.
A região é a que tem menos representantes no estado. Em 2010, só elegeu Elizeu Mattos para deputado estadual. Agora tem, suplentemente, Carmen Zanotto (PPS) na Câmara Federal. Um representante para 220 mil votos. "Dá para eleger um deputado federal e até dois estaduais tranquilamente", diz Spuldaro.
A título de comparação, a segunda região com menor representatividade, a Grande Florianópolis, tem sete vezes mais que a Serra. Luiz Spuldaro ressalta que o resultado disso é a falta de apoio para discutir orçamento regional e receber emendas da União.

Motivos para a baixa representação

Em 2010, a região teve cinco candidatos a deputado estadual. Todos se elegeriam apenas em um cenário ideal, onde todos os serranos votassem neste candidatos equalitariamente e não houvesse abstenção. Como isso, não ocorre em nenhuma eleição, apenas Elizeu Mattos se elegeu e Arnaldo Moraes ficou perto da vaga.
Mesmo com 13 mil votos em Lages, Sérgio Godinho ficou longe, Willy Brun Filho também. Ambos ajudaram a eleger outros candidatos de suas coligações no litoral. Luiz Spuldaro define a questão. "Todos os partidos querem lançar um candidato e ninguém acaba se elegendo".

Abstenção

Lages, onde estão lotados metade dos votos, teve mais de 24 mil pessoas que deixaram de votar ou optaram pelo nulo e branco. Somente este contigente era suficiente para eleger com folga Carmen Zanotto para a Câmara Federal ou mais um deputado estadual.

Candidatos de fora levam os votos

No ano de 2010, Lages apresentou 89.969 votos válidos para o cargo de deputado federal. 38.548 destes foram para candidatos de fora da região. Hélio Furlan (PT), um dos dois candidatos serranos, recebeu menos votos que Jorginho Mello (PSDB), por exemplo. Para o cargo de deputado estadual, 19 mil votos foram para não-serranos.

Fonte: CLMais/AMURES