Seis meses após o prazo de apresentação e Lages ainda não concluiu o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Apesar disso, a falta de iniciativa pública não impede que os moradores de Lages realizem ações coletivas para a reciclagem do lixo, porém, a responsabilidade não é somente dos cidadãos.
Agosto era o último mês para o município apresentar à Promotoria do Meio Ambiente um conjunto de instrumentos para reduzir os principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos.
O promotor Renee Cardoso Braga diz que falta concluir a licitação da empresa que irá gerir todas as ações ligadas ao setor ambiental para que o plano seja apresentado. As três empresas concorrentes são: DRZ Geotecnologia e Consultoria, Ambiplan Engenharia e Soluções Ambientais e Ampla. O promotor adianta que em função deste atraso, já está vedado qualquer tipo de financiamento para a área ambiental.
A antiga gestão pública de Lages foi procurada, mas nenhuma autoridade deu esclarecimentos sobre a conclusão da licitação. Dia 1º de janeiro, o prefeito, Elizeu Mattos, tomou posse e assumiu a gestão 2013-2016. Para integrar a sua equipe de governo, Elizeu nomeou Mushue Dayan Hampel Vieira como secretário do Meio Ambiente.
Hampel afirma que já foi informado sobre o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, além de outros projetos na área ambiental. O secretário, comprometeu-se em agilizar o processo de apresentação para viabilizar os recursos financeiros. "Precisamos montar uma Fundação Municipal do Meio Ambiente, assim como já existe a Fundação Cultural, desta forma os recursos são destinados diretamente, sem que haja processos burocráticos", complementa.
Para efetivar ainda mais as atividades de reciclagem e modernizar a coleta do lixo, em Lages, Hampel acredita que a cidade deve ser dividida em quatro ou cinco lotes para formar polos de reciclagem. "Em cada divisão será formada uma cooperativa. Queremos utilizar o máximo do que é reaproveitável e deixar para o aterro sanitário somente o que não é".
Educação ambiental que deu certo
A Cáritas Comunitária do Cidade Alta atende 86 crianças dos bairros Santa Mônica, Caroba e Vista Alegre. Percebendo a dificuldade que a Casa da Reciclagem tinha com o lixo misturado que recebia, a Cáritas criou o projeto "Educação Ambiental" para ensinar as crianças e, consequentemente, as famílias sobre o manejo correto do lixo
O projeto teve tanto sucesso que atualmente, cerca de 90% destas casas separam o orgânico do sólido.
Uma das voluntárias, Marivane Brugnarotto, conta que hoje as famílias têm participado ativamente das ações ambientais que são promovidas pela Cáritas. Uma delas, inclusive, foi a apresentação de um teatro com materiais recicláveis para os funcionários da Tractebel, empresa parceira das atividades desenvolvidas.
Separar o lixo já se tornou um hábito
O casal Maria Eloi Fogaça Silva e Volnei Silva, moradores do bairro Santa Mônica, têm o costume de separar o lixo orgânico do sólido. Todo orgânico vira adubo na horta. O restante vai para a coleta.
A prática é comum no bairro e se torna um exemplo. Tudo começou há quase 10 anos, quando representantes do bairro tomaram a iniciativa de coletar os resíduos sólidos para reciclagem.
Em 2003 foi formada a Cáritas Comunitária Cidade Alta e através dele surgiram outros projetos, como a Casa de Apoio, a Horta Comunitária, a Área de Lazer e a Casa da Reciclagem. No início, quase 50 pessoas ajudavam nos trabalhos de reciclagem, hoje são apenas três mulheres: Tânia Mara Velho, Denorita de Fátima Mariano e Rosane de Fátima Pereira Velho.
Com um carrinho de mão, elas visitam mais de cem casas e coletam o material diariamente. Na Casa da Reciclagem, separam o que é papelão, plástico, sucatas, alumínio e garrafas pet, prensam manualmente, pesam e vendem para a Associação Brasileira dos Recicladores (Recibras). O dinheiro que recebem, em média R$ 200,00 cada uma, não é exclusivamente uma renda, mas ajuda.
No dia 12 de dezembro, a Casa da Reciclagem ganhou uma prensa elétrica e uma balança digital do projeto "Fortalecendo Experiências de Economia Solidária em Santa Catarina", da Cáritas Regional de Santa Catarina e patrocinado pela Petrobras.
Quando perguntado por que continuam fazendo esse trabalho, já que muitas desistiram, falam apenas que gostam e que é uma pequena ajuda ao meio ambiente.
Fonte: CLMais