O Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) deve montar, nos próximos dias, um acampamento permanente de monitoramento das negociações da Usina Hidrelétrica Garibaldi. Esta foi uma das definições tiradas de reunião, nesta segunda-feira (02), com famílias de atingidos pelo empreendimento.
Ao menos 120 pessoas participaram da reunião, na localidade de Barra do Salto, em Cerro Negro, onde avaliaram o processo de luta do movimento em relação ao empreendimento. Analisaram, também, quem tem direito à indenização e discutiram os avanços das negociações até agora firmadas. A nova mobilização se desencadeou depois da audiência no Ministério Público que tratou da ocupação do MAB no canteiro de obras da usina.
A denominada assembleia municipal desta segunda-feira (2) na Barra do Salto foi a primeira. À tarde, mais uma assembleia aconteceu em Abdon Batista. Hoje pela manhã, será em São José do Cerrito, na localidade de Bela Vista e à tarde, em Campo Belo do Sul. A coordenação do MAB diz que há muitos desencontros de informações e vai, a partir de agora, uniformizar os encaminhamentos com os empreendedores. "O que querem saber as famílias ribeirinhas é simples: quem é o atingido e qual o seu direito. Tem um decreto do ex-presidente Lula, de 2010, que determina quem são os atingidos e vamos seguir à risca esse decreto presencial", afirma a assessora de imprensa do MAB, Neudicleia de Oliveira.
Além de famílias da Barra do Salto, moradores das localidades de Camargos, Araçá e Raitz, participaram do chamado do MAB. E pelo que explicou Denilson Ribeiro, coordenador do movimento e atingido pela Usina Garibaldi, os moradores de Araçá também têm direito à indenização, mesmo estando abaixo da usina.
Para os atingidos, o acordo firmado no Ministério Público com o empreendedor, de comprar uma área e reassentar 50 famílias é um primeiro passo. "Até antes desse acordo não falavam em reassentamento e queriam indenizar os atingidos com carta de crédito. Estamos nos organizando e mobilizados em defesa dos atingidos", reiterou Denilson Ribeiro.
O agricultor aposentado, Antônio Camargo, morador há 50 anos na localidade de Camargo, disse que foi informado apenas que sua casa desaparecerá com o enchimento do reservatório. "Não sei quando vão pagar nem se vão pagar. Eu estou lá, sem saber para onde ir, nem quando terei que sair de casa", desabafou o agricultor. Acompanhado da mulher e um filho, Antônio Camargo disse que jamais imaginou que um dia, teria de sair de casa. A propriedade dele mede pouco mais que um alqueire e é tudo que conquistou ao longo de toda vida.