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Prefeitos com dificuldades de cumprir novo piso do magistério

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     Prefeitos da maioria dos municípios da Serra Catarinense estão fazendo contas e tentam encontrar uma fórmula que garanta o cumprimento do novo piso salarial do magistério e o equilíbrio orçamentário. A tarefa não tem sido fácil e ao menos um município já amargou três dias de greve dos professores por não aplicar vantagens e gratificações salariais que tem direito determinadas faixas do magistério.
O que tem clareza os prefeitos é que os professores têm direito ao reajuste de 22,22% que elevou o piso a R$ 1.451,00. Mas a incidência do novo vencimento básico em vantagens, como tempo de carreira está tirando o sono de muitos prefeitos. Como descreve o prefeito de Ponte Alta Luiz Paulo Farias. "Não sou contra reajustar o salário dos professores. Mas da forma como a lei foi feita vai levar os municípios a comprometer todo o seu orçamento com o salário e deixar de investir na manutenção das escolas, na construção de novas unidades, na melhoria da estrutura", argumenta o prefeito.
Um dos indicativos do novo piso é que os municípios passarão a gastara a maior parte dos recursos do Fundeb, apenas com o pagamento da folha dos docentes. Uma das saídas a ser buscada pelos prefeitos deve ser buscar apoio do governo federal. De acordo com o Ministério da Educação, os municípios podem pedir uma verba complementar para estender o piso nacional a todos os professores. Mas para isso é preciso comprovar que aplica 25% da arrecadação em educação e comprovar que o pagamento do piso desequilibra as contas públicas.
A dificuldade de equilíbrio orçamentário e cumprimento do piso estão levando as prefeituras a optar entre pagar os professores e não extrapolar os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O impasse deve ser objeto de reunião dos prefeitos, pois o novo piso incidirá inevitavelmente no chamado "efeito cascata" no Plano de Carreira dos professores em todos os municípios.

 Situação de alguns municípios:

Município

% folha    Maior remuneração    Menor remuneração   Piso nacional Jornada semanal Remuneração atualizada
Bocaina Sul 48 1.715,00 1.259,00 1.451,00 40 horas Sim
Otac. Costa 51 2.514,32 1.701,42 1.451,00 40 horas Não
S. José Cerrito 49 1.574,00 901,75 1.451,00 25 horas Não
Lages 48 2.632,73 1.451,00 1.451,00 40 horas Sim

Bocaina cumpre o piso de forma parcial

Reconhecer e valorizar os mais antigos e incentivar os mais novos a buscar a habilitação para o magistério. Foi com este propósito que Bocaina do Sul fixou esta semana, através de projeto de lei complementar provado na Câmara de Vereadores, as novas faixas salariais dos professores.
A menor renumeração passou a ser R$ 1.259,00 para os professores que possuem apenas o ensino médio sem habilitação para magistério. A maior remuneração ficou em R$ 1.715,00 ao professor efetivado e com pós-graduação. Os professores com grau de formação de nível médio em magistério passarão a receber o piso nacional de R$ 1.451,00 e os que possuem graduação e são efetivos R$ 1.559,00.
Sobre os reajustes futuros do piso nacional previsto para ano que vêm, por exemplo, para saltar a R$ 1.700,00, provocará uma situação insustentável aos municípios. "É impossível e impraticável. Hoje não conseguimos nem cumprir os 22,22% nas diferentes faixas salariais. O futuro dos professores no que se refere á remuneração é uma incógnita", desabafa a prefeita Marta Góss.

Cerrito num dilema entre LRF e o piso nacional do magistério

O assombro do novo piso do magistério assusta também o secretário de Administração e Planejamento de São José do Cerrito, Keni Wilder Muniz. Hoje com 49% da receita comprometida com a folha pessoal, o índice poderá saltar para 53% ser cumprir, ainda que parcial a recomposição salarial. O caso de São José do Cerrito tem um agravante. A maioria dos professores tem nível de pós-graduação e o salário poderia chegar a quase R$ 2 mil.
"Pagar o piso não é problema. Nos preparamos para isso. Mas aplicar 22,22% sobre as diferentes faixas de remuneração é impossível. Já estamos nos limites constitucionais a Lei de Responsabilidade Fiscal", argumenta Keni Muniz. O projeto de lei que vai recompor o salário dos professores irá para câmara nos próximos dias.
Hoje, para uma jornada de 25 horas semanais o professor com nível médio de magistério recebe R$ 901,75. O graduado R$ 1.82,00. O pós-graduado R$ 1.130,00 e com mestrado R$ 1.368,00. O plano de carreira do Cerrito contempla até professor com doutorado com remuneração de R$ 1.574,00. E se for aplicada a correção de 22,22% a todas estas faixas salariais, o comprometimento da receita com a folha supera os limites constitucionais da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Semana passada, o secretário da Administração do Cerrito buscou orientação de um consultor do Tribunal de Contas do Estado (TCE). A dúvida é como encontrar o equilíbrio para não descumprir com a Lei de Responsabilidade Fiscal nem deixar de remunerar os professores como determina a lei do novo piso. "O cobertor é curto. Se remunerar os professores os limites constitucionais de despesas extrapolam. Se não remunerar se descumpre uma lei nacional. Estamos numa encruzilhada", diz Keni Muniz.

Lages dará 14% de reajuste parcelado em duas vezes

O cumprimento do piso nacional do magistério será cumprido em Lages. É o que assegura o secretário municipal de Educação, Hamilton Werlich. Mas o "efeito cascata" do reajuste de 22,22% em todos os níveis é simplesmente impraticável. A recomposição de salário será de 14%, conforme o percentual de incremento do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Assim que melhorar a performance do Fundeb, os professores poderão ter novos reajustes. Mas até lá, os professores da rede municipal terão 8% de reajuste neste mês e mais 6% em abril. "O piso da grande maioria dos professores saltará de R$ 1.603,76 para R$ 1.828,28. Sem contar que a cada três anos, o professor que tem curso de aperfeiçoamento agrega 2% de incremento no salário", explicou.
Segundo a fórmula estabelecida pela secretaria de Educação de Lages, o professor de nível um em final de carreira terá remuneração de R$ 3.737,94 e de nível dois R$ 4.721,73. As alterações no Plano de Carreira do Magistério ainda precisarão ser aprovadas pela Câmara de Vereadores. Em abril o projeto aportará no legislativo.
Com os futuros reajustes, os quatro níveis de remuneração dos professores municipais em Lages ficarão o seguinte:
Magistério: R$ 1.451,00.
Graduado: R$ 1.828,80.
Pós-graduado: R$ 2.193,94
Mestrado: R$ 2.632,73