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Uveres cobra da Celesc quedas de energia elétrica Lages

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     UM PROBLEMA que se arrasta há tempos e piora a cada ano. A queda de energia elétrica nos municípios do interior da região foi discutido pelos presidentes de Câmaras de Vereadores, na manhã desta quarta-feira (27), no auditório da Amures.
A convocação da União das Câmaras de Vereadores da Região Serrana (Uveres) serviu para esclarecer porque falta energia elétrica com tanta frequência no interior. O presidente da Uveres, Ariovaldo Machado concorda que a região é extensa e isso poderia ser um fator complicador, mas não admite que a manutenção seja tão demorada. "Tem um poste numa propriedade em Bom Jardim da Serra que está há dois anos escorado. É inadmissível", relatou.
Por mais de uma hora, o representante da área de supervisão de planejamento e engenharia da Celesc, Gladimir Jeremias explicou como funciona o serviço na região. E apontou que as longas distâncias são um impeditivo do atendimento rápido. "Para deslocar uma equipe ao interior não custa menos de R$ 500,00. É obrigação da Celesc, mas demanda uma estrutura muito grande e pesada para atender em tempo satisfatório ao consumidor do interior", explicou.
Outro agravante, segundo Gladimir Jeremias é o telefone celular. Antes os consumidores ficavam mais tempo sem energia e demorava até dois dias para chegar o comunicado das localidades mais distantes. "Agora é imediato. São muitas informações chegando ao mesmo tempo. Teríamos de ter uma estrutura gigantesca esperando as chamadas de um dia de contingência e isso é impossível", disse.
As agências regionais da Celesc têm em média sete mil quilômetros de rede. A regional de Lages possui 14.5 mil quilômetros. "E tem um agravante. Nas outras regiões, a rede rural média possui cinco mil quilômetros. A de Lages são 12 mil quilômetros. Só entre 2009 e 2010, foram implantados 600 quilômetros de novas redes na Serra. As demais agências fizeram em média 54 quilômetros de novas redes".
Na Serra Catarinense são 1.650 consumidores que dependem da eletrificação rural. E São José do Cerrito é um dos municípios que se destaca, por ter mais de 70% da população do meio rural.
De acordo com o secretário de Administração de São José do Cerrito, Keni Wilder Muniz, as quedas de energia elétrica são comuns no interior e têm deixado um rastro de prejuízos. "Os produtores são incentivados a produzir leite, por exemplo, mas quando queima um resfriador por queda de energia ou se perde da produção de leite de um dia, o prejuízo é do produtor", lamenta.
Uma situação ainda pior, são os doentes dependentes de oxigênio que sem energia elétrica podem morrer. E só no Cerrito são seis doentes hoje, nesta condição. "Já tivemos até dez pessoas respirando com apoio do oxigênio. Quando acaba energia recorrem à prefeitura que fornece tubos auxiliares de oxigênio", salienta Keni Muniz.
A orientação dos vereadores é para que em caso de prejuízos nas propriedades, as pessoas movam ação judicial contra a Celesc. "É um direito do consumidor. A região é grande, mas o Estado tem de resolver. Se o problema é empreiteira ou acessos muito ruins, tem de sanar. O que não pode é a falta de energia ser uma condicionante a mais para promover o êxodo rural", cobra Ariovaldo Machado. Ele fará um documento da reunião para enviar à direção da Celesc.

Aposentada depende da eletricidade para respirar

Aos 80 anos, a aposentada Ana Maria Joaquina Filha é totalmente dependente da energia elétrica. A respiração dela está condicionada essencialmente à corrente elétrica. Basta desligar o aparelho que fornece o oxigênio e ela corre risco de vida.
Há três anos a idosa sofre de insuficiência respiratória e complicações cardíacas graves. "Se faltar luz e o tubo pequeno de oxigênio não estiver cheio é problema. Não pode faltar", diz a idosa que usa diariamente o oxigênio.
Por duas vezes, Ana Maria Joaquina esteve ameaçada por falta de energia elétrica. E para não correr mais este risco, tem próximo da cama, um tubo sobressalente de oxigênio. "Se acabar a energia elétrica, não esperamos muito e pedimos à prefeitura ajuda para não faltar oxigênio", conta uma filha da aposentada.
O problema dela é o mesmo de muitas pessoas idosas que fazem tratamento em casa. E durante o inverno se agrava, porque as doenças respiratórias incidem com maior frequência.


Produtor rural amarga constantes quedas de luz

Em 45 dias, o produtor rural Renato Ortiz, morador da localidade de Itararé teve o mesmo motor da forrageira queimado duas vezes. O problema, segundo ele, tem sido frequente nos finais de semana. A mesma situação incide no motor da ordenhadeira.
"Tem uma peça no motor da ordenhadeira, o condensador, que basta uma oscilação da energia elétrica e queima. Na forrageira gastei R$ 500,00 cada vez que mandei o motor para o conserto. E as duas vezes foi devido à queda de energia", explicou.
Sem forrageira, Renato não pode produzir alimento para as vacas. Sem ordenhadeira não pode tirar o leite das vacas. E mesmo que tenha tirado o leite das vacas, se a energia elétrica cessar, o leite no resfriador se perde.
Em mais de 30 anos que mora na propriedade, Renato diz conviver com as constantes quedas de energia elétrica. Assim como seus vizinhos, produtores rurais.