AS 62 TORRES de geração de energia eólica serão acionadas, simultaneamente, dia 16 de julho deste ano. Como gigantes imponentes na vastidão dos campos mais altos da Serra Catarinense, elas demandarão 93 mega watts/hora de potência para o sistema nacional energético.
A confirmação é do gerente de projetos da Impsa, empresa detendora do empreendimento, Sílvio Ferreira. Com mais de 130 metros de altura desde a base até a extremidade da pá, as torres eólicas estão sendo erguidas e formarão, em poucos dias, o primeiro grande sítio de geração de energia eólica da região.
Num local de beleza singular, a poucos metros da Serra do Rio do Rastro, os imensos "cataventos" convergem o olhar de quem passa pela SC-438. São ao todo, quatro grupos de geradores distribuídos entre os parques Bom Jardim, Rio do Ouro e Púlpito, com 20 torres cada; e o parque Santo Antônio, com duas torres. Cada aerogerador vai demandar para o sistema nacional energético 1.5 mega watt de potência.
Até a última semana, 36 torres estavam prontas para operar e segundo Sílvio Ferreira, as demais 26 unidades serão erguidas até o final de junho. Para cumprir a meta, quatro guindastes estão trabalhando, desde que clareia o dia até o por do sol.
O empreendimento total do parque é de mais de R$ 500 milhões. Por conta da nova realidade do parque eólico, Bom Jardim da Serra saltará dos atuais R$ 150 mil de arrecadação mensal de ICMS, para algo em torno de R$ 350 mil. O município deverá ter, ainda, um dos maiores incrementos de turismo de Santa Catarina.
Hoje, 225 homens estão trabalhando na edificação das últimas torres. E foi essa força de trabalho que permitiu energizar a primeira das duas subestações do parque eólico. A subestação seccionadora, fora do parque, às margens da SC-348, vai funcionar como um mega disjuntor e liberar energia para a Celesc. Já a subestação que terá a função de coletar e armazenar energia, está localizada bem ao centro do parque, esta seria energizada neste final de semana.
A implantação do parque eólico de Bom Jardim da Serra demandou abrir 39 quilômetros de estradas para possibilitar a mobilidade de máquinas, caminhões e homens. E na construção de cada torre são usadas doze toneladas de ferragens para receber a peça de sustentação da torre, que pesa 14 toneladas.
Depois são colocadas mais treze toneladas de ferragens no fechamento da estrutura e na concretagem são mais 320 metros cúbicos, equivalente a 50 caminhões carregados de concreto para suportar as mais de 300 toneladas do aerogerador que se movimentará guiado pela posição do vento.
Concepção moderna de equilíbrio ambiental, para implantação do parque
A energia renovável e limpa que será gerada nas torres eólicas ajudarão na redução do aquecimento global. A tendência é que, cada vez mais, estes sistemas de geração substituam as tradicionais fontes de combustíveis fósseis e minerais, como petróleo e carvão.
É dentro dessa concepção que foi implantado o parque eólico Bom Jardim da Serra. São dez quilômetros de rede de alta tensão aérea e subterrânea, que foram implantadas entre o emaranhado de torres distribuídas nos 3.800 hectares de área da unidade. Desde o início da construção, quando 12 empresas trabalhavam no local com cerca de 600 operários, o foco sempre foi estruturar a unidade com o menor impacto ambiental possível.
Com os 93 mega watts que serão gerados no parque, será possível abastecer uma cidade do tamanho de Lages, segundo o gerente de projetos da Impsa, Sílvio Ferreira. Ele observa que, juntos, o parque de Bom Jardim da Serra e o de Água Doce, que vai gerar mais 125 mega watts, representam o maior complexo de geração de energia eólica da América Latina e um dos maiores do mundo, com potência instalada para atender a uma população equivalente ao consumo de energia elétrica de uma cidade com 500 mil habitantes.
As boas condições do tempo dos últimos dias ajudam o ritmo acelerado da construção das torres. "Só um período extenso de chuvas poderia atrapalhar o cronograma de inauguração, previsto para 16 de julho. Já estamos atrasados com esta obra e não pretendemos mais prorrogar", afirma Sílvio Ferreira. A partir dos primeiros diasde julho, iniciam os preparativos para a inauguração do parque eólico.
CAPÃO RICO – É a localidade onde estão sendo implantadas as torres eólicas em Bom Jardim da Serra. O local que só tinha nome de rico, agora é, de fato e de direito, muito rico. E uma das pessoas que confirma esta realidade é o produtor rural Hélio Guedes de Assunção. "Antes de virem essas torres eu até queria vender estas terras, porque não tinha nem estradas. Agora, já estou planejando fazer uma pousada na minha casa", revelou o morador.
Montado em seu cavalo e acompanhado do cachorro, Assunção circula livremente pelo parque e acompanha, à distância, os primeiros testes de operação das torres. Ele agradece aos empreendedores e afirma que tudo que foi tratado, foi cumprido. Além do gado, Hélio Guedes tem um pequeno pomar de maçã e disse que nunca imaginou que aquelas terras, naquele local ermo e isolado, fossem ficar tão valorizadas.
O homem é só alegria quando fala das torres eólicas. Ele recebe mais de R$ 5,2 mil por mês, como se fosse um aluguel, de sete torres instaladas em seu terreno. E ainda pode lidar com o gado sem restrição.