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Aeroporto Regional vira uma novela e as obras já duram nove anos

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     EM 2006, o administrador de aeroporto Alcides Carneiro defendia melhorias de infraestrutura no aeroporto de Lages. Dizia que as obras do Aeroporto Regional iriam demorar no mínimo cinco anos. Cinco anos depois se conclui: Alcides Carneiro tinha razão.
E só não está mais atrasada a construção na localidade de Águas Sulfurosas, porque a empresa Prumo está pagando do próprio bolso os operários. Desde 2009, o governo do Estado se bate para tentar honrar o contrato de R$ 4.808.506,00. E não conseguiu repassar mais que 50% do valor até agora. Se fosse cumprido com o convênio e o cronograma da obra, em abril passado o aeroporto estaria com a etapa atual pronta.
Cansado de esperar, mas não desacreditado, o prefeito de Correia Pinto, Vânio Forster, disse que até final deste ano o terminal de passageiros, a rede de água, a estação de tratamento de esgoto, a subestação de energia elétrica, rede de telefonia e os serviços externos complementares estarão prontos. O que o torna otimista é o fato de empresários da região do Alto Vale, entrarem na briga pela construção do aeroporto.
"Era para ter parado a construção ano passado. Mas o diálogo prevaleceu. Deu certo o projeto político do governador Colombo e foi feito o possível para não paralisar a obra. A Prumo só não abandonou a execução, por amor à camisa. Já chegou a ter 60 operários e mantém apenas 13 no canteiro de obras", comenta Vânio Forster.
Assim como Alcides Carneiro, o prefeito enxerga no Aeroporto Regional, um futuro que poucas pessoas visualizam. E fala de ampliações antes mesmo da conclusão do básico. "Como este é um aeroporto regional, a pista que tem 1.800 metros precisará ser ampliada para algo em torno de 2.200 metros para comportar aviões de grande porte", comenta.
Cauteloso, o diretor da Prumo, César Schwendler, informou que o cronograma de execução do aeroporto está sendo cumprido. "O que aconteceu foi uma alteração que desacelerou a obra. Mas, até final deste ano teremos cumprido o contrato assinado em 2009", desconversa César Schwendler. Ele evita muitos comentários e observa que os repasses do governo do Estado estão sendo feitos conforme a medição de obra executada.
Mas deixou escapar a informação de ter recebido até agora, apenas 50% do que foi contratado. César Schwendler admite que daria para acelerar o ritmo da construção e frisa que isso depende do governo em repassar mais recursos. "O ritmo atualmente é determinado pelo volume de recursos. O que falta por completo, ainda, é a estação de tratamento de esgoto e a rede de água", revelou.
O que ficou certo na última reunião, há duas semanas em Florianópolis é que o governo do Estado colocará em dia os pagamentos à Prumo. Ficou constado, inclusive em ata, que até final de junho, a Celesc vai remover a rede de alta tensão que está próxima de uma das cabeceiras da pista do aeroporto. São dez postes que precisarão ser deslocados. Esta ação está orçada em R$ 1.6 milhão.
Dentro dos novos prazos, o Deinfra abrirá licitação até meados de junho para pavimentar o acesso da BR-116 até o aeroporto. Também serão licitados os equipamentos de segurança de voo. O que preocupa o prefeito é que há 13 anos, o aeroporto está em construção.

Aeroporto Regional pode agilizar asfalto da SC-424

A construção do Aeroporto Regional implicará, inevitavelmente, em outras obras de infraestrutura. Uma delas poderá ser a pavimentação da SC-424, que liga Otacílio Costa a Ponte Alta.
Denominada rodovia do Travessão, a SC-424 possui exatos 34,3 quilômetros e será um dos elos do chamado Anel da Madeira. Há mais de dez anos é ventilada a possibilidade de pavimentar aquele trecho entre a SC-425 e a BR-116. O asfaltamento reduziria em mais de 50 quilômetros, a distância entre Rio do Sul e Correia Pinto, onde deverá operar o Aeroporto Regional.
Para as unidades da Klabin de Otacílio Costa e Correia Pinto, a pavimentação da SC-424 significaria encurtar distância e baratear custos de transporte e da cadeia produtiva do pinus. O diretor industrial da Klabin de Correia Pinto, Sadi Oliveira, disse que o trânsito de caminhões aumentaria significativamente naquele trecho.
"Seria uma rodovia estratégica para a Klabin. E para todos que possuem áreas reflorestadas naquela região. Há muitos pequenos produtores que ganhariam com isso", comenta Sadi Oliveira. Uma outra possibilidade para encurtar a distância até o Aeroporto Regional seria a pavimentação de uma rodovia intermunicipal entre Palmeira e Correia Pinto, denominada de Farinha Seca.

Menos trânsito na 282

Qualquer dos trechos que fosse pavimentado tiraria também, parte do tráfego pesado que passa pelo trecho da BR-282 em Lages. Uma possível participação da Klabin nos custos da ligação asfáltica dependeria de estudos econômicos prévios, segundo Sadi Oliveira.
"A importância de uma obra dessas é indiscutível. Mas o envolvimento econômico da Klabin na obra em questão, depende da cúpula da empresa", resumiu. Para os empresários e exportadores de Rio do Sul, o asfaltamento da SC-424 é uma ação tão importante quanto o Aeroporto Regional.

Rodovia está em péssimas condições

O morador mais antigo da SC-424, Miguel Silveira Pires, 72 anos, da localidade de Barro Preto, não acredita que a rodovia possa ser pavimentada. Ele nasceu às margens da rodovia e conta que perdeu as contas de quantas vezes fizeram medição para asfaltar o trecho. E menos ainda, acredita no Aeroporto Regional.
"Daqui levaram toda riqueza. Tinha mais de 60 armazéns e bodegas. Tinha até dormitório e tudo foi embora. Hoje, não tem 30 moradores", lembra o aposentado. Para ele, a construção do Aeroporto Regional e a pavimentação da SC-424 é "conversa fiada". Sem meias palavras ele resume: "aqui é o fim da linha".

Alto Vale na luta pelo aeroporto

Uma nova alternativa de transporte aéreo, de exportações, de baratear custos e diminuir riscos de acidentes aos empresários do Alto Vale. É o que pensa o presidente da Associação Empresarial de Rio do Sul (Acirs), Ciro José Cerutti, sobre a construção do Aeroporto Regional.
Definitivamente, a maior representação empresarial do Alto Vale ergueu bandeira em favor desta que é uma das obras mais esperadas dos últimos anos.
Ciro Cerutti fez coro com as lideranças da Serra Catarinense na reunião, há duas semanas, com o Secretário de Estado de Assuntos Estratégicos, Paulo César da Costa. "Nosso problema não é só o deslocamento pela BR-470 até Florianópolis ou Navegantes. Mas o congestionamentos nesses aeroportos.
Eles estão sobrecarregados", argumenta Ciro Cerutti. Mesmo sob a incógnita da qualidade dos serviços do futuro Aeroporto Regional, Ciro Cerutti prefere apostar no empreendimento em Correia Pinto. E independentemente da bandeira do Alto e Médio Vale pela melhoria do tráfego da BR-470 ou duplicação, o Aeroporto Regional do Planalto Serrano é uma opção a mais aos empresários, seja para viagens de negócios, importação ou exportação .
Segundo levantamento realizado junto aos três maiores aeroportos de Santa Catarina, Florianópolis tem demanda de 1,2 milhão de passageiros por ano. Navegante recebe 300 mil passageiros e Joinville 280 mil passageiros por ano. O mais provável é que parte dos passageiros da região do Alto Vale passassem a usar o Aeroporto Regional do Planalto. E esse número poderia chegar a 25% de demanda que hoje se desloca para Florianópolis ou Navegantes.
Para Ciro Cerutti, Rio do Sul já tem posição firmada pelo Aeroporto Regional e mês que vem participará de reunião em Correia Pinto, onde visitará as obras do aeroporto. "Nessa reunião, conheceremos as futuras instalações e ajudaremos no que for possível para viabilizar esta obra", antecipou lembrando que ainda este mês, deve participar de jantar com empresários da Serra Catarinense para tratar sobre o assunto.
Para o empresário e diretor comercial da riosulense, Rogério Luiz de Siqueira, o Aeroporto Regional representa mais que uma logística. "A metalúrgica Riosulense atende às grandes montadoras do Brasil. Fabricamos autopeças e componentes para automóveis, utilitários, tratores, motos, caminhões e ônibus e a logística para chegar no ponto mais próximo de Rio do Sul, demora até três horas e meia de um modal de aviação", explica.
Mas, isso não é tudo e Rogério Siqueira observa que existem obras na BR-470 que duram anos e interferem na agilização de entrega de mercadorias. Em termos econômicos, o Aeroporto Regional representa uma grande solução aos empresários do Alto Vale, pois já houve caso de demorar até cinco horas só no deslocamento pela BR-470 ao aeroporto de Navegantes.
Considerado um dos polos têxteis de Santa Catarina, Rio do Sul poderia exportar em maior volume para São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Uma outra oportunidade gerada pela Aeroporto Regional seria a realização de eventos com palestrantes internacionais. "De Rio do Sul a Correia Pinto é pouco mais de uma hora de viagem. Tem menos tráfego e as condições das rodovias são melhores. Então, o que estamos esperando?", questiona Rogério de Siqueira.
O que se caracteriza à partir de agora é que, o Aeroporto Regional passa a ser prioridade da Serra Catarinense, do Alto Vale, do Meio Oeste, do Sul do Rio Grande do Sul e do Planalto Central.

Empresários querem evitar BR-470

Empresários e exportadores do Alto Vale é tirar o mais rápido possível da BR-470, seus produtos e motoristas. Além do mais, poderiam estreitar relações comerciais com empresários da Serra Catarinense, tendo o Aeroporto Regional como referência comum.
"Em função do tipo de produto que é comercializado, poderia haver parcerias. Mas sem o Aeroporto Regional essa relação permanece distante", diz Rogério de Siqueira. Mesma posição é defendida pelo secretário de Estado de Assuntos Estratégicos, Paulo César da Costa.
Ele entende que interesses comuns poderiam ser fomentados entre a Serra Catarinense e o Alto Vale. "Tem de se observar que a aviação civil brasileira cresce em média 12% ao ano e, em oito anos, o Aeroporto Regional será uma das nossas maiores referências", declarou.
Ciente dos tropeços para a implantação do aeroporto, Paulo César da Costa ratifica a informação de que até final deste ano, as obras desta etapa estarão concluídas.
Só em equipamentos de segurança serão investidos cerca de R$ 3 milhões e, até setembro, a rede de energia na área de risco estará modificada. "Depois desta fase virá a homologação pela Agência Nacional de Aviação Civil – Anac. Nesse período estaremos percorrendo as regiões de interesse e conversando com empresários para incentivar o uso do aeroporto", antecipou o secretário. Empresas como Azul e Pantanal estão sendo contatadas para voos regionais, segundo Paulo César da Costa.
Ele cita três condicionantes fundamentais para a operação do futuro aeroporto. Tarifas competitivas, regularidade de voos e alternativas de horários. Paulo César da Costa afirma que tem plena convicção da necessidade do aeroporto e de sua viabilidade.
Mesmo pensamento comunga o deputado Elizeu Mattos, que disse que a curto prazo, o Aeroporto Regional vai operar com cargas. "Não há mais como retroceder nesse projeto. Em 20 dias o governo vai liberar recursos pendentes com a construtora e a obra ganhará novo ritmo", revelou o deputado.
A nova relação Serra-Alto Vale, em prol do aeroporto é vista por Elizeu Mattos como um apelo inegável da necessidade da obra. "O governo tem duas opções. É fazer ou fazer esta obra. E ponto final". opinou.