OFICIALMENTE, o município que mais produz pinhão em Santa Catarina é Santo Amaro da Imperatriz, segundo a agrônoma Gabriela Santos Savian. Porém na prática, Painel, Urupema, São Joaquim, e Bom Jardim da Serra são as cidades que mais produzem o produto.
A falta de dados e estrutura do setor levou o Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), de Lages, em parceria com o Instituto Pereté, a criar o projeto Kayuvá, (variedade de pinhão).
O projeto visa entre outras ações, indicar critérios para certificação do pinhão e capacitação dos produtores. Esta certificação assegura a colheita de pinhas maduras, armazenadas de forma adequada e respeitando o meio ambiente.
"Isto traz benefícios ao produtor que possui produto de características adequadas para a comercialização; ao meio ambiente, pois garante sementes para regeneração natural e alimento dos animais silvestres; e ao consumidor que pode comprar produtos com qualidade nutricional e sanitária e com origem conhecida", explica o professor João Fert Neto, do Departamento de Engenharia Florestal.
Um diagnóstico socioeconômico está sendo feito no município de Painel, para saber quanto é produzido por hectare e o que representa para o agricultor, a renda obtida com a venda do pinhão.
A agrônoma Gabriela explica que dessa forma poderá ser criada uma rede de pesquisa e capacitação que melhorará a comercialização do produto.
"Um dos objetivos do projeto é implantar um sistema de monitoramento da produção e comercialização, e também incentivar a criação de associações e cooperativas para os produtores terem mais força", diz.
Ela afirma que empresas do ramo de exportação têm procurado com grande interesse o pinhão beneficiado para exportar para países como o Japão.
"Hoje existe um nicho de mercado em torno dos produtos da floresta, orgânicos e sustentáveis. Estes produtos beneficiados, no nosso caso o pinhão pré-cozido e congelado, agregam valor ao produto in natura, trazendo maior fonte de renda à agricultura familiar", ressalta.
Porém, ainda não há uma estrutura para produzir o pinhão em grande escala e com condições de exportação, como acontece com a maçã. "Com o projeto, queremos melhorar a infraestrutura do setor, com informação, capacitação e organização dos produtores", comenta.
Falta de união dos produtores afeta o ramo
O valor médio de venda do pinhão varia entre R$ 1,20 e R$ 2,00 por quilo. "No início da safra, o preço da venda tende a ser mais alto e isso acaba comprometendo a qualidade, pois a maioria dos agricultores colhem as pinhas verdes e quando o produto chega em outras cidades, já não está tão bom", explica a agrônoma Gabriela Santos Savian.
Ela observa que a venda do produtor direto para o atravessador, ou seja, quem revende o pinhão para mercados e outros estabelecimentos, afeta o valor arrecadado pelos produtores.
O produtor de pinhão em Painel, José Sutil de Lins, trabalha no ramo há mais de 30 anos e comenta que a falta de uma associação prejudica o trabalho dos produtores.
"Se todos fossem unidos em uma cooperativa ou associação, poderíamos ter renda para comprar uma câmara fria, estocar o pinhão e vender o ano inteiro", comenta.
Ele vende em torno de 15 toneladas por ano, principalmente para a cidade de Santo Amaro da Imperatriz. Sobre a possibilidade de vender pinhão pré-cozido, para agregar mais valor ao produto, o produtor diz que é muita mão de obra e não vale a pena.
Mudança. A colheita do pinhão começaria dia 15 de abril, mas devido um projeto de lei do deputado estadual, Antonio Ceron, sancionado pelo governador Raimundo Colombo, inicia hoje. O objetivo é favorecer os produtores rurais, sem perder o foco na preservação ambiental.