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João Borges: primeira das 16 PCH´s da região a sair do papel

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     HÁ QUATRO MESES em obras, a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) João Borges, deve entrar em operação em final de 2012. Com apenas três geradores, terá capacidade para abastecer uma cidade do porte de Lages, com 154 mil habitantes.
A primeira em execução, de um lote de 16 PCH`s aprovadas na região da Amures, a João Borges está situada na localidade de São José, em São José do Cerrito e Machados em Campo Belo do Sul, no rio Caveiras. A área alagada do empreendimento será de 340 hectares, cerca de quatro quilômetros de extensão e a concessão de exploração é responsabilidade da Eletrosul Centrais Elétricas.
A exemplo de qualquer empreendimento energético, a abertura de acessos, estradas e supressão da mata para implantação do canteiro de obras, foram os primeiros da PCH. A escavação em solo está adiantada e segundo o biólogo responsável pela supervisão de meio ambiente da Eletrosul, Jocelin Lotário Costa iniciou esta semana, a escavação em rocha. A meta do empreendedor agora é a abertura do canal onde será construída a casa de força.
A previsão é que em setembro do ano que vêm, o desvio do rio com 1.600 metros de extensão esteja pronto. O canal a céu aberto, como é denominado o desvio do rio terá uma alça de vazão reduzida aproximada de 40 metros cúbicos de água por segundo. "Tanto no local onde será a casa de força quanto da barragem a escavação em solo está pronta. O trabalho está concentrado agora na remoção de rochas", afirmou.
Quando receber a licença de operação, a PCH João Borges vai produzir para o sistema energético nacional 19 mega watts de potência por hora. O que observa o biólogo da Eletrosul é que mesmo nos períodos de estiagem prolongada, quando de vazão do rio está reduzida, será mantido no mínimo três metros cúbicos de vazão para não provocar desequilíbrios ambientais abaixo do empreendimento.
A barragem da PCH João Borges terá 24 metros de altura e 273 metros de comprimento de uma margem a outra. Do lado de São José do Cerrito já foram indenizados 18 proprietários rurais e outros 21, na margem esquerda do rio Caveiras. As negociações foram tranqüilas e não demandou remoção de famílias. Das 39 desapropriações, apenas sete estão pendentes por problemas burocráticos familiares, como inventário e partilha de bens.
Ao mesmo tempo em que avançam as escavações em rocha no conduto forçado da casa de força, a barragem será erguida e terá modelo pirâmide para contenção da água. Hoje, mais de 130 operários trabalham na hidrelétrica e a estimativa é que atinja a 250 trabalhadores no pico da obra, em meados do ano que vêm.
Lentamente a construção da PCH João Borges vai ganhando velocidade e a meta do empreendedor é fazer o enchimento do lago entre setembro e outubro de 2012 para iniciar o processo de geração. O investimento total da obra é R$ 102 milhões e só na questão ambiental, foram elaborados treze projetos que contemplam desde os licenciamentos de abertura de acessos até a captura, análise e soltura de peixes.
Dona do empreendimento, a Eletrosul formou o Consórcio Catarinense de Energia com outras empresas para executar a obra. A Central de Britagem também está sendo montada no canteiro do empreendimento.
Três geradores modernos, modelo francês, produzirão a energia que sairá da João Borges que será pioneira dentre as PCH´s autorizadas nos últimos anos. Ainda é concessão da Eletrosul, as pequenas centrais hidrelétricas de Itararé e Pinheiro, localizadas acima da João Borges. Mas não há previsão de quando os empreendimentos sairão definitivamente do papel.


Prefeito do Cerrito pleiteia ponte

Para o prefeito de São José do Cerrito Everaldo José Ransoni, o empreendimento energético João Borges, não está se revertendo em retorno econômico aos cofres municipais. Mas admite que há um incremento no comércio local.
Uma outra queixa do prefeito se refere a contratação de mão-de-obra. Apesar de haver mais de 130 empregados, cerca de dez por cento são moradores do município. "A maioria dos operários são de fora", afirma o prefeito.
Semana que vêm, ele terá encontro com a direção da Eletrosul, em Florianópolis para tirar dúvidas em torno do empreendimento. O único retorno financeiro que o prefeito diz ter recebido, foi R$ 160 mil de compensações ambientais que está retiro no Ministério Público.
Everaldo Ransoni também pleiteará com a Eletrosul, uma ponte ligando São José do Cerrito a Campo Belo do Sul. No local onde está sendo construída a PCH a passagem é só de barco.


Tecnologia de última geração

Com um lago de apenas quatro quilômetros, a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) João Borges vai gerar seis vezes mais energia que uma unidade como a do Salto Caveiras, que possui um lago de mais de dez quilômetros de extensão.
A técnologia que terá o emprendimento será de última geração. Além dos equipamentos ultramodernos, a unidade tem a vantagem da topografia. A velocidade com que a água entrará no sistema de geração das turbinas permitirá uma energia regular e de boa qualidade.
Hoje, a maior preocupação da Eletrosul que é também a fiscalizadora do empreendimento consiste em fazer daquela, uma unidade modelo de gera geração de energia elétrica. "Não basta concluir a obra dentro do cronograma. Tem de respeitar todas as questões ambientais, segurança, saúde, qualidade de vida dos operários e uma política de boa relação com os moradores", defende o biólogo Jocelin Costa.
O entorno do lago da PCH João Borges, ainda poderá ser explorado com atividade turística. Segundo a legislação, os lagos artificiais podem ter até 10% da sua área total, destinada a exploração com atividades econômicas. Mas nesse caso especificamente, não houve pedido de concessão desse gênero à Eletrosul, por nenhum órgão público ou privado. O que tornará mais difícil um futuro empreendimento de aproveitamento do lago.