A MULHER safra de soja dos últimos anos, que deveria ser festejada pelo produtor, gera preocupações. "Com esta superprodução eu esperava pagar todas as minhas contas, até a de anos anteriores, mas infelizmente isto não vai ser possível", lamenta o produtor João Henrique Branco. "A supersafra não foi exclusividade brasileira", explica o engenheiro agrônomo da Copercampos. Ele ressalta que Argentina, Canadá e Estados Unidos também tiveram uma produção recorde, o que abasteceu o mercado externo, fazendo com que sobrasse soja no país.
Com muita oferta, os preços despencaram. No ano passado a saca da soja chegou a ser vendida por R$ 48,50. Neste ano ainda não ultrapassou os R$ 32,50.
Outro fator que piora a situação é o dólar baixo. Segundo Mattos, com a moeda americana desvalorizada as exportações são dificultadas e só são realizadas em grandes quantidades. Em 2009 na mesma época o dólar estava R$ 2,30 e agora está na casa de R$ 1,80. "A queda no dólar seria uma boa alternativa para melhorar as vendas em um espaço curto", frisa.
A soja produzida no município que é entregue na Copercampos vai toda para exportação porque é em grande quantidade. Além da soja para consumo, Mattos ressalta que algumas são para semente, neste caso o produtor ganha mais 10% de bonificação sobre o valor.
Rentabilidade zero aos produtores de milho.
Se a situação da soja não é boa, a do milho é ainda pior. No caso da soja, o produtor ainda ficou com uma margem de lucro de 20%, já para o milho a rentabilidade caiu para zero. A saca do produto está sendo vendida por R$ 14,50 menos que o preço mínimo estipulado pelo Governo Federal que é de R$ 17,50. Entretanto, o governo não garante este preço para os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O preço mínimo é válido apenas para o Paraná, São Paulo e região Central do Brasil. Mattos esclarece que se o preço mínimo fosse garantido aqui, a lucratividade do produtor chegaria próxima aos 20%. Assim como a soja, o milho também enfrenta uma grande oferta internacional e sofre as consequências do câmbio baixo. De acordo com Mattos, na safra de 2009 já houve sobra de milho em todo o mundo. A produção de Campo Belo do Sul vai para o Oeste e Sul de Santa Catarina e também para o Rio Grande do Sul.
Feijão gera a maior rentabilidade
Este ano o plantio de feijão foi muito baixo no município devido aos preços baixos praticados no ano passado. Entretanto foi o produto que teve melhor lucratividade para o produtor. Mas no município a produção não foi significativa e não contribuiu para a renda da maioria. Veja no quadro ao lado a produção total e a produtividade de grãos em Campo Belo do Sul.
Menos trigo nas propriedades de C. Belo
O plantio de trigo ocorre de 20 de junho a 30 de julho e de acordo com Mattos, este ano a área plantada deverá ser bem menor que a do ano passado, quando foram plantados no município 1.500 hectares entre trigo e aveia. A redução é estimulada pelos baixos preços que são conseqüência dos altos estoques mundiais. Além disso o governo não quer manter o preço mínimo da saca estipulado em R$ 31,00. De acordo com Mattos, os produtores estão comercializando a saca por R$ 24,00, menos que o preço mínimo.
10% é a bonificação que os produtores de soja ganham para vender sementes
20% foi a lucratividade no plantio de soja na última safra
R$ 1,80 seria um preço melhor para exportações, a exemplo do que estava em 2009
R$ 14,50 preço comercial da saca de 60 quilos de milho
R$ 24,50 valor que a saca de milho chegou a ser vendida em 2009
120 sacas por hectare foi a produção de milho neste ano