O governador Leonel Pavan admitiu pela primeira vez a possibilidade de concorrer à reeleição. Foi na quinta-feira (29), durante visita a Lages para dar posse ao Secretário de Desenvolvimento Regional, João Cardoso e ao secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Paulo César da Costa. Confira o teor da entrevista:
O que a Serra Catarinense pode esperar de seu governo?
Leonel Pavan: Penso que a maior demonstração com esta região é já ter dois secretários de Estado. O Ivan Ranzolin e o Paulo da Costa estão em estruturas estratégicas do governo. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável é uma das mais importantes. Outro compromisso é fazer de tudo para que as obras em andamento não sofram paralisação. E ter como bandeira número um, a implantação da ZF. Se conseguirmos só este intento, já teremos cumprido nossa missão com a Serra Catarinense.
O senhor está sabendo da resolução 423, de 12 de abril passado, do Conama, que trata dos Campos de Altitude e restringe, em áreas de campos naturais, empreendimentos como o que a ZF pretende realizar em Lages?
Pavan: Tenho a dizer que o governo usará todos os artifícios que estiverem ao seu alcance. Não mediremos esforços para resolver os problemas, porém, não posso falar por outros órgãos do Governo Federal ou instituições. Como governador de Santa Catarina colocarei toda a equipe necessária e inclusive a Procuradoria do Estado para remover eventuais obstáculos referentes à ZF.
O ex-governador Luiz Henrique afirmou que Santa Catarina seguirá as normas do Código Ambiental Catarinense e não o Código Florestal Brasileiro. O que o senhor defende?
Pavan: Eu também defendi esta bandeira do Luiz Henrique. E esta é a determinação. Enquanto não tiver nenhuma decisão judicial que impeça a aplicação do Código Ambiental devemos seguir o que recomenda a legislação catarinense. Afinal, ajudamos a construir este documento.
A radioterapia é uma antiga reivindicação da população da Serra. Está assegurada sua continuidade?
Pavan: Sim, a radioterapia aguarda apenas a construção do local para instalação do equipamento. E tão logo esteja pronta a instalação física, vamos colocar em funcionamento. Esta é uma determinação aos novos secretários.
Na Festa do Pinhão do ano passado Luiz Henrique anunciou recursos para melhorias no acesso sul da cidade. O senhor tem conhecimento destes recursos?
Pavan: Todos os convênios estão sendo reavaliados. Nós temos um aporte financeiro determinado e iremos trabalhar dentro deste orçamento. Não sei quais os convênios que serão contemplados. E também não vou ficar aqui prometendo aquilo que não tenho certeza se será cumprido. Ainda não conheço a totalidade dos convênios assinados.
Então o senhor só vai fazer o que está na programação orçamentária?
Pavan: Não. Nós temos um suporte financeiro e não podemos vestir um santo e desvestir outro. Temos que terminar o que iniciamos e não vamos fazer um governo em cima de expectativas ou de promessas que não serão cumpridas. Se pudermos seguir em frente, a melhoria do acesso sul vai sair. Do contrário não. E devemos ter a coragem para dizer que esta obra não acontecerá agora.
A região serrana ainda é a que possui menor cobertura asfáltica nas ligações dos municípios. O senhor vai continuar estas melhorias?
Pavan: Vamos continuar melhorando as ligações. Mas é importante ponderar algumas coisas. Ainda tenho até junho, onde é possível realizar alguma coisa com licitação. Depois é o período eleitoral e junto à Copa do Mundo e logo o encerramento do governo. Quero ter a oportunidade, um dia de dizer que tudo isso que estão pedindo é pouco, pelo que merece a Serra Catarinense.
Então corre contra o tempo?
Pavan: Corro sim. Além de reorganizar o orçamento tenho de acabar com o pensamento das pessoas que acham que se abriu uma porta para o novo mundo e na verdade nós já estamos dentro deste novo mundo. E estamos fechando algumas portas. Está terminando o mandado e temos de acabar com esta ansiedade de que agora há espaço para tudo e para todos. Negativo. Nós temos, ainda, o DEM como nosso parceiro. O PMDB ocupa a maioria das principais funções do Governo. Temos o PPS que é um partido pelo qual o PSDB se identifica e também temos o PTB. E todos estão conosco construindo os programas e projetos futuros.
O PSDB local disse que agora será possível uma atuação mais forte com a Prefeitura de Lages. Isso procede?
Pavan: Desde que estou no PSDB sempre me identifiquei com o PSDB serrano. E quando vieram o Pinheiro e o Costinha começamos a viver novos tempos. Tivemos uma composição vitoriosa com o Renatinho e o PSDB foi valorizado pelo PP. Ainda temos nomes fortíssimos na legenda. O João Cardoso é um exemplo, na SDR. O próprio Ranzolin, que está sem partido, mas é um parceiro, um amigo.
Há um indicativo de sua provável candidatura à reeleição. É realmente seu desejo?
Pavan: Esta é uma pergunta cuja resposta o povo quer saber. É difícil responder. Eu tinha definido que não seria mais candidato em função até, de um pedido de minha família. Mas a família está soltando minhas rédeas e me sinto ainda mais comprometido com meu partido. Mas, eu nunca disse ao meu partido que eu quero ser candidato. Primeiro quero ter certeza absoluta que estou sendo útil para Santa Catarina. Quero comprovar porque estou aqui. Sou experiente. Já fui três vezes prefeito de Balneário Camboriú, senador, deputado federal, vereador, vice-governador e quero verificar se é possível fazer muito mais. Se concretizarmos tudo que pensamos, acho que novos caminhos serão traçados.
As pesquisas são um indicativo de sua pré-candidatura?
Pavan: Não sou pautado por pesquisas. Como deputado federal, pela Frente Popular iniciei com 3% e fui o deputado mais votado da história política da Frente Popular. Como senador comecei com 11% e estava em quinto nas pesquisas. Não me importo com pesquisas.
Mas que indicativos o senhor se baseia, então?
Pavan: É a segurança da candidatura. As condições e meu histórico, minha trajetória e a estrutura partidária. A equipe e a credibilidade.
Onde fica neste caso a Tríplice Aliança?
Pavan: Poderia dizer que, na avaliação de um a dez eu dava nota nove, há quatro meses atrás. Hoje, no mesmo critério estamos com avaliação de menos da metade. Para ser sincero, vejo como algo muito difícil. Já não tenho mais a mesma convicção de antes. Até porque o DEM já lançou seu candidato e o PMDB, o seu. Só falta agora o PSDB lançar o seu.
Mas o senhor vai ao embate?
Pavan: Não sei. Mas percebo o desejo muito forte do partido em ter candidatura própria.
E se não for Pavan, quem poderia ser o candidato tucano?
Pavan: Temos nomes fortes. Como o Paulo Bauer e o Dalírio Beber.
E quem seriam bons aliados nesta empreitada?
Pavan: Todos os partidos que compõem a base do governo. O DEM, o PMDB, o PPS e o PTB. Identifico-me muito com o PDT e vou dialogar com o Manoel Dias. Olha, para resumir, dos partidos que aí estão, acho que só o PT não interessa ao PSDB. Todos os demais poderão compor com o PSDB, inclusive o PP.