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Os desafios da integração regional

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     PRIMEIRO prefeito de Cerro Negro eleito para presidente da Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures), Janerson José Delfes Furtado, o "Teba", será empossado nesta quinta-feira (25) no comando da entidade que representa os anseios dos 18 municípios da Serra Catarinense.
O desafio, segundo ele, será manter a integração regional, superar as adversidades comuns e consolidar projetos iniciados pelo prefeito Renato Nunes de Oliveira, o "Renatinho". Como o de saneamento quando foram priorizados R$ 50 milhões de recursos federais pela bancada parlamentar catarinense.
Aos 39 anos, Janerson Furtado entra para a galeria dos presidentes da Amures como o trigésimo nono da associação. Dono de uma trajetória política de sucesso em Cerro Negro, Janerson Furtado foi eleito em 2004. Abandonou a atividade de vários anos de comércio para se dedicar exclusivamente à vida pública.
Incentivado pelo pai, um político da mais "pura cepa", Janerson Furtado nunca havia concorrido a um cargo público. Conquistou a reeleição em 2008 e hoje se revela como uma das grandes lideranças políticas regionais. Antes mesmo de ser empossado na Amures, Janerson Furtado já atua com determinação. Comanda a comissão que trata direto com o governador Luiz Henrique sobre a crise financeira do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres.
Nesta entrevista ele revela seu perfil administrativo, as metas e os propósitos como novo presidente da Amures.

Correio Lageano: Que desafios o senhor assume ao ser empossado na Amures?

Janerson Furtado: O maior desafio é manter o ritmo dos trabalhos hoje desenvolvidos. A Amures tem tido uma grande atuação e se transformou numa vitrine aos prefeitos. Meus antecessores, nesta empreitada, foram muito felizes. Desempenharam brilhantes atuações e manter essa chama não é fácil. Do Altamir Paes ao Renatinho, foram saltos nunca imaginados na associação. Só assumo esse desafio porque sei que posso contar com a equipe da Amures.

O Renatinho foi um bom presidente?

Janerson: Eu me surpreendi com o trabalho dele. Num primeiro momento acreditava que daria prioridade às ações voltadas aos grandes municípios. Mas estava redondamente enganado. Não deu as costas aos pequenos municípios. Pelo contrário, foi o primeiro a defender os pequenos municípios. A visão dele foi realmente de um homem preocupado com o desenvolvimento regional. Abriu as portas para nós, gestores do interior da região e defendeu o projeto Amures. Além do mais, cumpriu com o compromisso de me apoiar para a presidência e sem dúvidas, a maior conquista do Renatinho foi a união e o fortalecimento do municipalismo regional.

O que deve ser sua marca na Amures?

Janerson: Não penso nisso. A marca será a consequência do nosso trabalho. Posso dizer que sou uma pessoa desportista. A Copa Amures que aconteceu em 2007 foi um grande espetáculo e tem de ser retomada. É através do esporte que muitos jovens saem das ruas, das drogas e do mundo do crime. Acima de tudo, a Copa Amures vai fortalecer a integração regional. O Encontro da Mulher Serrana é outro evento que tem de ter atenção especial dos prefeitos. Temos de provocar a discussão das soluções e dos problemas regionais. A educação tem muito o que avançar, a segurança pública, a saúde e a infraestrutura são propostas que serão encampadas pela Amures.

A queda de arrecadação e o encolhimento de receitas são uma realidade. Como pretende trabalhar isso?

Janerson: Olha, estamos amargando queda de arrecadação desde o ano passado. O pior ano para custeio da máquina pública foi 2009. E este ano não deve ser diferente. Em janeiro já registramos uma queda de 17% do repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). A orientação é manter o freio de mão puxado. É economizar e conter o que for possível de despesas. Mais uma vez a corda está arrebentando no lado mais fraco e neste caso somos nós, os municípios. O Estado e o governo federal estão empurrando cada vez mais atribuições aos municípios. Acima de tudo, temos de lembrar que o bom prefeito é aquele que administra a falta de dinheiro. Governar com sobra de caixa é fácil.

A crise une os prefeitos?

Janerson: Com certeza. Mas é bom lembrar que eu, como prefeito, tenho de dizer lá em Otacílio Costa ou em qualquer outro município, que a situação não está confortável. É fato a dificuldade geral. Todas as esferas de governo enfrentam dificuldades, mas o castigo maior está nos pequenos municípios. Estarmos unidos para enfrentar essa realidade é fundamental e isso tem ocorrido.

Parcerias com outras entidades estão em seus planos?

Janerson: Ninguém cresce sozinho. Nem dá solução a grandes problemas sozinho. As parcerias sempre foram o forte da Amures. Os fóruns de secretários, as Secretarias Regionais, os deputados, os vereadores, os governos do Estado e federal têm de estar sintonizados com os municípios. A iniciativa privada também. O individualismo enfraquece a região. O Oeste e Meio-Oeste de Santa Catarina só se fortaleceram pelo cooperativismo. É um exemplo que temos de seguir.

O que podem esperar do seu governo os colegas prefeitos?

Janerson: Meu empenho será ilimitado. A eleição da Amures é como a eleição municipal. Vou procurar fazer o melhor possível. Conheço a equipe técnica da Amures e tenho certeza no sucesso desta empreitada. Vontade e dedicação não faltarão nesse desafio. Quanto às soluções, elas surgirão naturalmente.

Mas a Amures é também uma realização pessoal?

Janerson: Com certeza. Basta ver que este posto já foi ocupado por ilustres personalidades. Como o senador Raimundo Colombo, o deputado federal Fernando Coruja e grandes homens que marcaram história na política de Santa Catarina e regional. Na minha trajetória política será uma grande honra fazer parte dessa galeria de fotos. Sem esquecer que será minha contribuição para com a minha região. Isso é o que importa.

Que comportamento terá a Amures no processo eleitoral deste ano?

Janerson: O de sempre. Neutralidade. Aqui é uma associação de municípios. Não de partidos. Nossa bandeira é a região e quanto mais agregar melhor. Os presidentes da Amures não questionam a que partido pertence este ou aquele prefeito. De maneira alguma pode haver interferência política. A união que estamos consolidando vai prosperar ainda mais e surtir bons frutos a toda população serrana.

Mas independentemente do resultado eleitoral, as cobranças dos prefeitos junto ao governo serão mantidas?

Janerson: Sim. É nossa obrigação. Perdemos muito tempo no passado e temos de compensar o esforço agora. O processo de litoralização foi e é inevitável. Mas temos de buscar alternativas de sustentabilidade econômica regional.

Em sua avaliação qual o maior calo social da região serrana?

Janerson: É a geração de emprego. É esta oportunidade que os serranos buscam no litoral, que os moradores da região dos lagos buscam no Rio Grande do Sul. A ZF vai impactar forte nesta questão. Mas não será suficiente em termos regionais. Uma empresa que gere 50 empregos num município como Cerro Negro é quase o impacto de uma ZF, respeitadas as proporções. Nosso caminho passa inevitavelmente pela geração de oportunidade de emprego e a criação de novos postos de trabalho. É o dilema dos prefeitos.

Como se mantêm, então, os pequenos municípios?

Janerson: Por incrível que pareça, a população depende diretamente da prefeitura, do poder público. E isso atrapalha a parte administrativa. É uma realidade regional, infelizmente. E uma parte da economia dos pequenos municípios é fomentada pela renda dos aposentados. Reverter essa realidade é o desafio de cada serrano, de cada homem conterrâneo.