Prefeituras ameaçadas pela crise

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16/3/2009
Prefeituras ameaçadas pela crise

Prefeitos serão chamados a discutir a crise e apresentar soluções de enfrentamento às quedas de receitas

Lages

                 Um “alerta laranja” foi enviado esta semana pelo presidente da Amures, prefeito Renato Nunes de Oliveira, aos prefeitos sobre a crise financeira que ameaça as administrações. Entre fevereiro de 2008 a fevereiro passado, a queda no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) foi de 13,29%. A principal fonte de receita dos pequenos municípios despenca de forma vertical e pode levar alguns prefeitos a medidas drásticas para estancar a sangria do desequilíbrio fiscal.
                 “Para piorar a situação o horizonte não é muito animador. Em março devemos ter mais um encolhimento de receita. O FPM dever ser 4% menor que o de fevereiro. Temos aí um indicativo de forte alerta para a sustentabilidade financeira das prefeituras. Medidas urgentes precisam ser adotadas sob risco de chegarmos no fundo do poço de uma crise sem precedentes”, alerta o presidente da associação.
                  As quedas sazonais do mês de março em relação a janeiro, junto com a queda de receita em relação aos anos anteriores, vai representar um déficit de pelo menos R$ 100 mil aos pequenos municípios. Nos de maior porte, o rombo deve ser ainda maior.
                  O comunicado do presidente da Amures chegou aos prefeitos da Serra Catarinense em forma de gráfico da evolução de transferências do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do FPM, entre 2003 e 2009. Mas o que chama a atenção é que o FPM cresceu em média 20,56% ano passado. E se comparado janeiro de 2008 a janeiro deste ano, não passou de 2,15%. “Não acompanha nem o índice de inflação do período”, comenta o presidente da Amures.
                   A preocupação de Renato Nunes é que a crise econômica está tomando proporções que ameaçam atingir as prefeituras. E o impacto maior será nos municípios que sobrevivem do FPM que é um fundo federal constituído basicamente pelo Imposto de Renda (IR) e o Imposto sob Produtos Industrializados (IPI).
                    Ainda este mês será convocada reunião da Amures para discutir saídas que minimizem os impactos negativos nas finanças. Algumas prefeituras já enfrentam dificuldades para honrar compromissos coma a folha de pagamento em dia. Outras fazem manobras para saldar débitos com credores e se encolher um pouco mais a receita, a situa­­ção ficará insustentável administrativamente.

Crise bate à porta

  • Prefeituras sentem os primeiros efeitos da crise econômica.
  • Queda no retorno do FPM pode levar prefeituras a medidas drásticas.
  • Prefeitos serão chamados para discutir saídas à crise.

ICMS despenca 13,20% em fevereiro

                 Se o FPM não anda bem das pernas, o ICMS tem se mostrado ainda pior nos últimos meses às prefeituras. Dados estatísticos da Amures revelam que o imposto teve crescimento médio de 20,27% ano passado, em comparação a 2007. E a reversão foi assustadora. Despencou em janeiro deste ano para 7,69%.
                 “Pior ainda foi fevereiro. A queda do retorno do ICMS atingiu 13,20%. Isso considerando o desconto do Fundeb, o que indica ter sido bem maior o castigo aos municípios, porque dinheiro da educação é marcado e só pode ser investido em áreas específicas”, aponta Renato Nunes.
                  A crise internacional ainda pode provocar impactos imprevisíveis nas receitas das prefeituras, o que assusta os gestores municipais. Para fazer frente à crise os prefeitos devem deflagrar uma série de medidas de contenções. Eles já sentem dificuldades de cumprir as metas orçamentárias e sabem que os índices de folha não poderão ser mantidos com uma redução tão significativa de arrecadação.
                   Uma das saídas de enfrentamento à crise pode ser a compra em conjunto de produtos comuns dos municípios, via Amures. Como a aquisição de hortifrutigranjeiros da agricultura familiar que pode ser implementado em até 30% para abastecer a merenda escolar. Outra medida em estudo é a implantação do sistema de inspeção sanitária para comércio de produtos de origem animal pelos pequenos produtores, através do Consórcio de Sanidade Animal (Suasa)

INSS absorve parte das receitas

               A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgou esta semana um estudo que aponta que dos 293 municípios catarinenses, 240 têm dívidas com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Juntas as prefeituras devem R$ 326 milhões. E municípios como Bom Jardim da Serra estão sendo duramente penalizados, pois a retenção de débitos com o INSS é feita direto na fonte.
               Por mês, Bom Jardim está amargando mais de R$ 65 mil de retenção, que somado à queda de receita pode inviabilizar a administração. O prefeito Rivaldo Macari determinou o reenquadramento do município na Medida Provisória que permite a renegociação da dívida com o INSS em até 240 meses. Mas a Receita Federal ainda não recebeu instrução normativa para estabelecer o novo valor.
                O presidente da Amures explica que a região recolhe ao INSS mais de 230 mil por mês, só em parcelamento de dívidas. “Se a medida provisória do governo já estivesse em vigor, daria um novo fôlego para os prefeitos. Temos como prioridade alcançar a meta do reparcelamento de dívidas com o INSS para respirar mais aliviados”, declara Renato Nunes.
                A partir de que consiga negociar com a Receita Federal, Bom Jardim da Serra baixará para cerca de R$ 3 mil mensal, o desembolso com o INSS que hoje beira os R$ 70 mil. Lages também vive situação semelhante. Em janeiro teve retenção com o INSS da ordem de R$ 54 mil. Os únicos municípios livres desse castigo na Serra Catarinense são Bocaina do Sul e Painel.

Valor retiro pelo inss – janeiro/09
Município    R$
Anita Garibaldi    16.463,40
Bom Jardim da Serra    66.126,77
Bom Retiro    944,51
Campo Belo do Sul    279,85
Capão Alto    2.903,52
Cerro Negro    2.874,37
Correia Pinto    4.125,69
Lages    54.379,29
Otacílio Costa    19.648,34
Palmeira    3.498,22
Ponte Alta    7.707,84
Rio Rufino    1.084,44
São Joaquim    27.915,85
São José do Cerrito    16.978,05
Urubici    5.550,52
Urupema    5.212,34


 

 

 

Fonte: http://www.correiolageano.com.br/htmNoticia.php?id=17691&c=12