Os efeitos da crise econômica mundial chegaram às contas da Previdência Social em janeiro. No mês passado, o crescimento da arrecadação de contribuições previdenciárias apresentou forte desaceleração e ficou praticamente estável -aumento de 0,9%. Ao longo de 2008, o crescimento mensal da receita ficou em torno de 10%.
Com a freada no recolhimento de contribuições, o déficit da Previdência voltou a crescer em janeiro, ao encerrar o mês em R$ 6,34 bilhões. Houve aumento real de 17% em relação ao mesmo período de 2008. Em dezembro, o resultado foi superavitário em R$ 1,75 bilhão.
"A arrecadação vinha crescendo a uma taxa duas vezes maior que a do PIB, mas em janeiro cresceu de uma forma mais leve. Talvez seja resultado do mercado de trabalho", disse o secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer.
Quanto mais as empresas contratam funcionários, mais recolhem contribuições para o sistema de aposentadorias.Com a retração do emprego formal, ocorre o inverso.
Segundo Schwarzer, a expectativa é de estabilidade nos números da arrecadação neste trimestre. Os efeitos negativos do mercado de trabalho, avalia, podem estar sendo compensados por medidas de gestão de benefícios e aumento da arrecadação do Simples Nacional.
Em janeiro, um fator atípico também teve influência. Para dar fôlego às micro e pequenas empresas, o governo prorrogou o prazo de recolhimento do Simples. Além disso, houve concentração de gastos com sentenças judiciais. (JULIANA ROCHA – Folha de S.Paulo)