QUATRO professores de economia e dois auxiliares de pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estiveram em São Joaquim nesta quarta-feira (3), para estudar o déficit da armazenagem a frio de maçãs e coletar dados para o projeto que pretende implantar estruturas coletivas de armazenagem na Região como forma de apoio aos pequenos fruticultores. O contrato com a UFSC foi assinado pelas Secretarias Regional de São Joaquim e do Planejamento no início do mês de dezembro, através do projeto Acorde São Joaquim – Ação Conjunta de Revitalização e Desenvolvimento.
A idéia do estudo é levantar o potencial da região para a produção de maçãs, mapear os produtores interessados em se organizar para aumentar em no mínimo 40% a capacidade de frigorificação da maçã e analisar a viabilidade econômica para a criação de unidades de armazenagem descentralizadas. "O objetivo é gerar condições econômicas e dar sustentabilidade aos fruticultores, oferecendo mais segurança e garantindo aumento na renda no momento da comercialização das frutas", explicou o coordenador das pesquisas e professor de Economia da UFSC, Sílvio Antônio Ferraz Cario. Os pesquisadores visitaram a empresa Hiragami Fruit e a Cooperativa Cooperserra para conhecer o sistema utilizado para classificar e armazenar a maçã. "Além da decisão política do Governo do Estado em levar adiante este projeto, é necessário uma sensibilização por parte dos produtores, que terão que se organizar em forma de cooperativas ou associações para terem seus interesses melhor representados", constatou o pesquisador.
Nos seis municípios de abrangência da SDR São Joaquim existem 1.815 produtores de maçã, dos quais apenas 20% possuem estrutura de armazenagem e classificação. A perspectiva de produção para a próxima safra é de 140 mil. O gerente Regional da Epagri, Názaro Vieira Lima, destaca que a fruticultura é a principal fonte geradora de renda na Região, mas que devido a falta de estrutura, os pequenos produtores são obrigados a entregar aos atravessadores a maçã a granel, diretamente dos pomares, pelo preço de mercado. "O pequeno produtor deixa de ganhar 40% a mais na comercialização da sua maçã quando não agrega valor com a classificação. E por falta da estrutura de armazenagem tem perdas significativas, pois obriga-se a vender sua toda a produção assim que acaba a colheita", destacou Názaro. Em 2008, o preço do quilo da maçã vendida no pomar ficou em torno de R$ 0,70. Já os produtores associados às cooperativas ou que possuem estruturas próprias de armazenamento e classificação conseguiram R$ 1,20 pelo quilo da mesma fruta.
A secretária de Estado de Desenvolvimento Regional em São Joaquim, Solange Scortegagna Pagani, acrescentou que com a criação dessas unidades os pequenos produtores poderão entregar sua maçã ao mercado embalada e selecionada, sem intermediários, o que além de aumentar a renda no campo vai gerar mais emprego, impulsionando o comércio e a indústria. "Atualmente, 54% da maçã produzida na Região é vendida a granel e são consumidas em todo o País com rótulo de outras regiões". O Projeto Acorde é uma estratégia que o Governo do Estado pretende colocar em prática no município de São Joaquim, e posteriormente expandir para toda a Serra Catarinense, com a finalidade de induzir um processo de desenvolvimento econômico e revitalização urbana. "A intenção é explorar todo o potencial da região para transformá-la em referência", enfatizou secretária.
No início de 2009, a Universidade de Vale do Itajaí (Univali), dará início a um segundo estudo dentro do Projeto Acorde, na área de turismo, hotelaria e gastronomia. O objetivo é avaliar o potencial turístico da região, selecionar e propor alternativas compatíveis com as políticas públicas voltadas ao incentivo da atividade e estudar a viabilidade econômica para implantação e melhoria de empreendimentos turísticos, além de realizar um levantamento das necessidades dos equipamentos de hospedagem, gastronomia e entretenimento para capacitação dos profissionais visando a excelência na prestação de serviços.
