Jovens brasileiros estão desiludidos com a política

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Um quinto do eleitorado brasileiro tem até 24 anos, faixa considerada oficialmente como jovem. São cerca de 25 milhões de pessoas. 65% delas, desencantadas com os políticos, acreditam que eles não representam os interesses da população. É o que revela pesquisa coordenada pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e pelo Instituto Pólis, que ouviu 8 mil jovens em sete regiões metropolitanas e no Distrito Federal.
Essa decepção reflete-se também na participação da juventude na vida política do País: apenas 4,3% dos entrevistados integram partidos políticos. Outro número preocupante é a atual quantidade de deputados federais jovens. Nesta legislatura, apenas 4 dos 513 parlamentares têm entre 21 e 24 anos.
Mesmo assim, a maioria acredita que a solução para seus problemas passe pela política. Prova disso é que, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nos últimos quatro anos aumentou em mais de 39% o número de eleitores entre 16 e 18 anos, faixa etária em que o voto é facultativo.
Falta espaço
A pesquisa do Ibase/Pólis, feita entre julho de 2004 e novembro de 2005 e sintetizada recentemente, aponta ainda a falta de espaço para o jovem poder influenciar as decisões políticas no Brasil. Para a pesquisadora Eliane Ribeiro Andrade, uma das coordenadoras da pesquisa, os jovens sabem que sua atuação é importante, mas não têm os canais apropriados para participar. “Os jovens ficam tímidos e encontram resistência de muitos adultos. A maioria dos entrevistados reclama que suas idéias não são respeitadas”, explica a professora.
Segundo a pesquisa, 89,5% dos jovens acreditam na necessidade de se associarem para defender seus interesses. O levantamento aponta que 42,5% dos jovens participam de grupos religiosos; 32,5%, de grupos ligados a esportes; e 26,9%, de grupos artísticos. Para a diretora do Instituto Faça Parte, Maria Lúcia Meirelles Reis, é interessante perceber que o jovem tem o hábito de se associar. “Por outro lado, infelizmente, a participação política é pequena, o jovem não tem noção de política nem interesse”, lamenta.
Cotas
Uma das formas de garantir espaço para os jovens, na opinião do presidente da Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje), Doreni Isaías Caramori Júnior, é instituir cotas de participação, a exemplo da cota para mulheres. (A Lei Eleitoral [9.504/97] determina que cada partido ou coligação reserve, no mínimo, 30% das vagas para mulheres candidatas.) “Uma política de cotas pode não garantir que o jovem seja eleito, mas desperta seu interesse e cria lideranças”, argumenta Caramori. A idéia da Conaje é fixar um percentual mínimo de 25% para os registros de candidaturas ao Poder Legislativo federal, estaduais e municipais.
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Fonte: Agência Câmara e Amures