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Produtos orgânica nas escolas de Campo Belo do Sul

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De arrendatário de terra na costa do Pelotas, em Anita Garibaldi, para produtor de hortaliças no reassentamento Nova Cachoeirinha, em Campo Belo do Sul. O agricultor Miguel Arcanjo Pelozatto, 42 anos, mudou radicalmente sua forma de trabalho. Trocou as roças de milho, feijão, cana-de-açúcar e derivados como melado, rapadura, açúcar-mascavo, cachaça e bugio por lavouras orgânicas. E está levando consigo, outras famílias que também estão encontrando na agroecologia, uma nova fonte de renda.


A nova realidade das 16 famílias que integram o reassentamento começa pela escassez de lenha. A dois quilômetros e meio do perímetro urbano, o solo impróprio não permitiu nem que produzissem cana, base dos produtos que eram revertidos em renda. “A história lá da beira do rio morreu. Aqui não se produz como lá. Tivemos de iniciar do zero e encontramos na produção orgânica uma excelente oportunidade de ganho”, contou Miguel Pelozatto.


Há quatro anos as famílias do reassentamento Nova Cachoeirinha tentam reencontrar o passado e o presente. Mas só há um ano viram uma luz no fim do túnel. Quando a primeira dama, Evani Weiler Branco, se propôs amparar as famílias que produzissem produtos agroecológicos.   Quatro famílias mergulharam no projeto e abastecem hoje, grande parte das escolas rede pública municipal.


A partir da adubação com esterco de peru e repelentes produzidos com urina do gado e algumas plantas, eliminam as pragas e conseguem produtos totalmente isentos de agrotóxicos. Alface, almeirão, couve-flor, pepino, melancia, melão, abobrinha, cenoura, cebola, beterraba, repolho e uma infinidade de outros produtos, já integram o rol de produção no reassenteamento.


Na pequena propriedade, a diversificação de culturas tem sido a saída. E Miguel Pelozatto já consegue uma renda mensal média de R$ 1,2 mil. A produção sai direto das lavouras para a cozinha das escolas. “O excedente vai para as famílias da Cohab”, revelou o agricultor. A produção de orgânicos no reassentamento Nova Cachoeirinha, não chega a um hectare. Mas a produtividade é incomparável ao que produziam no tempo que as roças eram na encosta do rio Pelotas.


Perspectiva – O apoio do município e da fazenda Guaramirim Gateado, tem sido fundamental para a produção agroecológica. A prefeitura absorve a produção e a fazenda custeia um técnico agrícola que auxilia as famílias. E novos horizontes se vislumbram para um futuro breve. A produção orgânica de uva, pêssego, ameixa, macã e pêra caminham para a realidade.


“Fomos escolhidos para construir uma história que será pioneira no Sul do Brasil. Vamos implantar uma mandala, que é um meio de produção diversificada numa pequena área”, anunciou Miguel Pelozatto. E, inovações como essa, devem encher os olhos das demais famílias do reassentamento para ingresso na atividade. O pensamento das famílias que cultivam pelo sistema agroecológico não é atropelar quem não queira aderir à proposta, mas deixar livre para que integrem espontaneamente à proposta.


Estudos preliminares voltados aos produtos orgânicos apontam que em pouco tempo o reassentamento Nova Cachoeirinha deverá produzir também pelo mesmo sistema, leite e carne. E uma área está sendo preparada para esta finalidade, onde haverá galinhas, coelhos, porcos, vacas, peixes e as condições necessárias para expansão agroecológica.


Alternativa – Pão, bolachas e massas. Tudo caseiro. Já estão sendo servidos nas escolas da rede municipal de Campo Belo do Sul, também advindos do reassentamento Nova Cachoeirinha. Uma mini-padaria foi montada na casa de Miguel Pelozatto e sua mulher Ieda, se encarrega junto com a filha, de produzir e embalar os alimentos.


O elo de produtos orgânicos está muito presente no reassentamento. E os caminhões que vendem verduras não orgânicas, agora enfrentam um concorrente à altura.


 


Cardápio Agroecológico


 


As primeiras remessas de produtos orgânicos a chegar nas escolas foram recepcionadas com certa desconfiança pelos alunos. Mas aos poucos foram incorporando um novo hábito alimentar. A aceitabilidade já permitiu formar um cardápio que reflete inclusive nas casas dos alunos. Muitos pedem às mães que coloque na mesa, aquelas variedades de alimentos isentos de agrotóxicos. E eles próprios estão apreendendo a degustar e identificar as diferenças.


Os produtos do reassentamento Nova Cachoeirinha estão sendo saboreados por alunos de 26 escolas multiseriadas, três escolas na sede do município e a escola itinerante. A vantagem ao agente público não se restringe apenas à qualidade de vida que passam a ter os alunos. Mas na economia aos cofres da prefeitura. De acordo com a Secretária municipal de Educação, Julia Maria Pucci Delfes, um estudo está sendo feito para quantificar a economia. Mas seguramente passa a barreia dos 10%.


Os enlatados e conservantes estão perdendo de longe para os agroecológicos na “guerra do consumo”. O suporte dado pela prefeitura está mostrando que Campo Belo do Sul possui não apenas o melhor solo para a agricultura, mas uma grande abertura para a produção agroecológica. “Se não diversificar as pequenas áreas dos reassentamentos, certamente não sobreviverão. Estamos apostando neste projeto agroecológico”, comentou o prefeito Firmino Branco.


O consumo de produtos isentos de agrotóxicos deve proporcionar uma economia ainda maior aos custos da saúde pública. “Esse caminho que passa ser trilhado pelo pequeno produtor é a solução e vamos dar total e irrestrito apoio”, concluiu o prefeito.