Há dias as mais de 20 famílias da Colônia Japonesa iniciaram preparativos e após o frio intenso do inverno comemoram agora, a curta florada das cerejeiras que dura apenas uma semana.
A exemplo de outra edições, milhares de turistas de todo o país são esperados. Especialmente este ano em que as comemorações são alusivas ao cinquentenário. Além da gastronomia, das artes, das danças e atividades culturais nipônicas, será mostrada a trajetória de meio século daquela comunidade.
O Núcleo da Colônia Japonesa Celso Ramos recebeu esta denominação, por ter sido o então governador que assinou o documento de reconhecimento da comunidade. E desde que os japoneses se estabeleceram em Frei Rogério a economia do local passou a se basear na fruticultura com destaque para pera, pêssego, ameixa e nectarina.
Os japoneses ajudaram também, a intensificar o cultivo de alho, cebola, feijão, milho e soja, além da produção de leite, bovinos e ovinos. Mas foi com a criação do Parque Sakura, que a colônia ganhou projeção nacional e internacional, pelas mãos de um dos pioneiros do núcleo, Kazumi Ogawa.
Ele que morreu, vítima de infarto em 5 de setembro 2012, aos 82 anos, apenas três dias depois de ter encerrada a festa da Florada da Cerejeira. Kazumi Ogawa era um dos sobreviventes da bomba atômica que destruiu Nagasaki no Japão, em 1945. E deixou sobre os ombros de seu cunhado Wataru Ogawa de 85 anos, o compromisso de continuar uma história de cultura de paz que completa 69 anos.
Sakura Matsuri
Arborizado com espécies de árvores oriundas do Japão, o Parque Sakura Matsuri é referência em Santa Catarina. Entre as espécies constam castanheiras, gliclíneas, azaleias e ginkgo bilobas, além da predominância das cerejeiras.
Além da beleza singular do parque, os visitantes podem acompanhar apresentações culturais e folclóricas. Como de arte marciais Kendô, Bujutsu e Iai-Dô. As danças japonesas, Taikô, Karaokê e cerimônia do chá.
A gastronomia tem um variado cardápio com opções como yakisoba, sushi, tempurá, yakiniku, temaki, sakerinha e baiten com pratos doces e salgados. Na feira de artesanatos os visitantes encontrarão origamis, cerâmicas, variedades de produtos japoneses, tanabata, workshop de origami e exposição.
Os visitantes poderão passar também pelo Museu da Paz, onde está o sino com idade aproximada de 1.600 Depois de Cristo e que retrata a história de Hiroshima e Nagasaki.
Wataru e o filho Naoke assumiram legado da Paz
Encontrado entre os escombros de um Templo Budista de Nagasaki no Japão, após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Sino da Paz foi trazido para o Brasil por esforços de Kazumi Ogawa. Sobrevivente do holocausto Kazumi queria homenagear os sobreviventes e conseguiu em 1998, trazer o Sino da Paz para Frei Rogério.
Em todo o mundo só existem três exemplares do sino, segundo Naoke Ogawa, sobrinho de Kazumi e filho de Wataru. Um na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque, nos Estados Unidos e outro no Japão, além do exemplar do Museu da Paz, em Frei Rogério.
Com a morte de Kazumi, um dos últimos 100 sobreviventes da bomba atômica de Nagasaki no Brasil Wataru assumiu o legado e passou a tocar o Sino da Paz. Junto com a mulher Chiyo Ogawa, 81 anos, irmã de Kazumi eles são os últimos sobreviventes da bomba atômica que restam no estado catarinense.
Mesmo preso a uma cadeira de rodas, Wataru segurou firme ao martelo de madeira e fez ecoar três vezes no Sino da Paz, dia 10 de agosto passado. Depois o sino retornou para uma redoma no Museu da Paz e de lá, só sai em ocasiões especiais para levar seu som em sinal de paz.
Para quem visita o Museu da Paz é convidado a assistir um vídeo sobre a Segunda Guerra e suas consequências para a humanidade. No local há um grande acervo de fotos dos escombros e vítimas da guerra. Mostra exatamente o que restou depois dos bombardeios americanos de Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, e de Nagasaki, em 9 de agosto de 1945 com armas nucleares.