Há quase 40 horas sem energia elétrica, água potável e comunicação, Ponte Alta tenta se reerguer do maior temporal dos últimos anos. Poucas horas depois de decretar situação de emergência, o prefeito Luiz Paulo Farias se reuniu com Defesa Civil Regional e o prefeito eleito Carlos Moraes e reconheceram estado de calamidade pública. Os prejuízos passam de R$ 30 milhões.
O temporal de granizo e ventos acompanhado de chuva ocorrido por volta das 17h30min de domingo, não durou mais que 12 minutos, segundo os moradores. E atingiu mais de 95% das casas do perímetro urbano. Especialmente dos bairros Vila Nova, Sossego, Despraiado e Nossa Senhora Aparecida. A intensidade do granizo foi tamanha que em alguns pontos acumulou mais de um metro.
Mesmo com sol, por volta de meio dia desta segunda-feira havia granizo acumulado em muitos pontos no bairro Vila Nova. Os telhados das casas não suportaram o "bombardeio" de granizo e muitos cederam. As bolas de gelo foram retiradas com pá, de dentro de algumas casas. Galhos de árvores foram carregados por dezenas de metros e ao menos 15 postes da rede elétrica não resistiram a força do vento.
O levantamento realizado pelas equipes da prefeitura indica que todos os prédios públicos foram atingidos. Escolas e creches destelhadas, cercas derrubadas e até paredes de apresentaram rachaduras. O prédio da prefeitura ficou parcialmente destelhado e a rede de energia elétrica próxima destruída, juto com postes e placas de sinalização.
Ao menos 1.900 casas foram destelhadas e mais da metade aguardavam ajuda da prefeitura ou governo do Estado, pois até as lonas foram insuficientes para atender tamanha demanda. "Por sorte ninguém se feriu. E temos que considerar que o temporal aconteceu num domingo. Se fosse num dia normal de aula, não imagino o que poderia ter ocorrido", comentou o prefeito desolado com a situação, pois até sua casa ficou parcialmente destelhada.
As seis serrarias ao redor da cidade também foram destruídas. Ao menos quatro se transformaram num monte de tábuas e restos de madeira quebrada. Por onde a chuva com vento e granizo passou, só sobraram escombros e a lembranças de uma paisagem que foi modificada em poucos minutos pela força da natureza.
Decretada calamidade pública
O interior de Ponte Alta também foi varrido pelo vendaval. Nas localidades de Monjolinho, Estação Canoas e Sete Voltas, os produtores perderam praticamente todas as plantações. Também aos arredores do perímetro urbano as plantações de hortaliças foram dizimadas.
O coordenador regional da Defesa Civil, Cezário Flores e o secretário Regional Jurandi Agustini percorreram vários bairros e parte do interior de Ponte Alta checando a situação. E constaram a gravidade e a necessidade de intervenção externa. Por sugestão de Cezário Flores, será pedido ajuda ao comando do 10° Batalhão de Engenharia de Construção (BEC) paras ajudar na reconstrução das moradias e prédios públicos.
Uma equipe da Secretaria Regional iniciou levantamento das escolas danificadas. Tanto na rede municipal quanto estadual, as aulas estão suspensas, assim como nas creches e jardins. Como não existem mais lonas no município e nem em Correia Pinto, oito rolos estavam sendo aguardados de Florianópolis para socorrer vítimas do temporal. As coberturas de telhas também devem vir de fora da região.
Por ser um período de final de mandato em que a prefeitura não tem mais capacidade de endividamento, a situação de Ponte Alta é ainda mais delicada. Com o reconhecimento de estado de calamidade pública, o prefeito espera agilizar compras sem licitação e buscar apoio do governo do Estado e federal. E tentará inclusive cadastrar as famílias atingidas para que possam sacar o FGTS.