Pesadelo dos estudantes, é o boletim de notas vermelhas que tem sido reprovado por estudiosos da área. O modelo de repetência está em xeque como método adequado de aprendizado. Neste aspecto, Santa Catarina está na frente de outros estados. É o segundo que menos reprova no ensino fundamental, atrás de São Paulo. O bom índice é resultado de práticas importantes para o bom rendimento escolar, já adotadas por aqui.
Das 880 mil crianças matriculadas nessa etapa da educação básica no Estado, 52,8 mil (6,1%) reprovaram em 2010. O percentual está abaixo da média nacional, de 10,3%. No ensino médio, foram reprovados 23.329 estudantes (10,4%). A taxa de reprovação está entre as 10 menores do país.
O bom desempenho dos estudantes catarinenses ainda explica outro resultado positivo, divulgado pelo movimento Todos Pela Educação, que traça objetivos a serem alcançados no ensino. Um desses é o prazo para terminar os estudos. O relatório De Olho nas Metas revelou que SC é o Estado onde mais alunos concluíram o ensino médio até os 19 anos e o terceiro onde mais estudantes finalizaram o fundamental até os 16. Professores com formação acima da média nacional e pais que acompanham a vida escolar do filho são fatores que influenciam o bom desempenho do Estado. A explicação é dada pela especialista em Educação Sandra Vanzuita da Silva, professora da Univali.
– SC tem uma cultura forte dos pais acompanharem o andamento dos filhos na escola, principalmente de crianças muito pequenas. Esse acompanhamento é fundamental para o bom rendimento – ressalta.
Ensino médio ainda tem problema
À medida que a criança cresce, os responsáveis participam menos. Isso ajuda a explicar por que no ensino médio os índices de reprovação são mais altos, mas não é o único motivo. Essa etapa escolar tem-se tornado cada vez menos interessante para o adolescente. O índice de SC, apesar de estar abaixo da média nacional, é alto comparado ao do fundamental e engrossa as necessidades de mudanças, para reduzir a reprovação, a evasão e a desistência no ensino médio.
– Projetos têm sido desenvolvidos. É preciso desconstruir rotinas que existem há muito tempo. Novas tecnologias têm que vir à escola. Melhorar a reprovação também passa pela questão metodológica – observa Sandra.
O diretor de ensino do Centro de Ciências Humanas e Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina, Lourival José Martins Filho, reforça a qualificação dos professores como fator positivo.
– A formação inicial das universidades de SC é de excelente qualidade. Na maioria das instituições, os professores que atuam nas licenciaturas possuem vivência com "o chão da escola" e realizam o que chamamos de articulação teórico-prática – relata.
Ele destaca o papel das famílias, que estimulam os alunos a vivenciar a escola. Além disso, acrescenta o fato de todas as redes de ensino terem especialistas, mestres e doutores, que, com pesquisa, levam contribuições no processo de ensinar e aprender.
– Além de qualificados, são profissionais comprometidos com o projeto pedagógico. Isto faz toda a diferença. Como afirmava Paulo Freire, se a educação não pode tudo, alguma coisa ela pode. Esta lição já foi aprendida em terras catarinenses – conclui.
Fonte: Jornal Diário Catarinense