DESDE A MADRUGADA desta segunda-feira, a Defesa Civil de Lages está monitorando as áreas de risco. Cerca de 100 casas foram parcialmente destelhadas nos bairros Araucária, Santa Catarina, São Luis, Centenário, Morro Grande e Bela Vista em decorrência dos fortes ventos. Ninguém se feriu e nenhuma família precisou de alojamento. Com a continuidade da chuva, o alerta é para os possíveis deslizamentos e alagamentos.
Atualmente 750 famílias moram em áreas de risco em Lages. De acordo com Cesário Flores, coordenador da Defesa Civil, as famílias devem ser relocadas para locais seguros. "Através do Programa Minha Casa Minha Vida, muitas famílias estão sendo beneficiadas, essa é uma das prioridades do programa. Além disso, outros projetos devem minimizar o problema nos bairros São Cristóvão é São Miguel, mas precisamos de recursos do Governo Federal e Estadual para fazermos as obras", destaca Cesário. Ele afirma ainda, que com a retificação do rio Carahá, pelo menos 50% das famílias que vivem nessas áreas não terão mais problemas de alagamentos.
A rua Manuel Augusto Neves, no Centro, fica alagada com frequência. Na tarde desta terça-feira os carros passavam com dificuldade pela via. "Eu moro há 23 anos aqui, e o problema não é resolvido, há duas semanas a água entrou dentro da garagem. Eles precisam canalizar o rio e não plantar árvores dentro", ressalta o comerciante, Airton Rosa.
A dona de casa Nelci da Rosa, mora há mais de 20 anos, na Rua João Lemos Machado, no Morro Grande e foi orientada a sair da sua casa. "Se a chuva continuar vou para a casa da minha irmã, qualquer perigo saiu correndo. A defesa civil já avisou que o morro vai desmoronar porque a terra está encharcada", afirma Nelci.
Na casa de Marilu de Jesus Netto, no bairro Morro Grande, três cômodos ficaram completamente alagados devido ao destelhamento. "Eu acordei as 4h30min. com o barulho. Parecia que a casa iria desabar. Puxei os colchões para a cozinha e desliguei o relógio da luz", disse a merendeira que teve que se abrigar com a família numa pequena casa atrás da sua. Nas casas onde houve destelhamento a defesa civil está distribuindo lonas para proteger as residências.
Árvores e pinheiros que ameaçam cair em cima das casas também estão sendo retirados. No bairro São Luis, a pensionista Sunta Muniz dos Anjos chamou a Defesa Civil para derrubar dois pinheiros que ameaçam cair em cima da casa de sua filha, na Rua Adelaide Alves. "A minha filha viajou e eu fiquei com medo, a minha casa ficou um pouco alagada, essa foi a primeira vez. A chuva estava muito forte e em poucos minutos destelhou a casa", conta a pensionista.
Em alguns pontos o rio Carahá quase transbordou. Ruas transversais a avenida Belisário Ramos ficaram alagadas, por causa do acumulo de água nos esgostos. Se o nível do rio continuar subindo, a Defesa Civil irá interditar a avenida nos pontos mais críticos e perigosos.
Previsão de chuva até quarta-feira
O Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia (Ciram), alertou nesta segunda-feira que até esta terça irá chover cerca de 100 milímetros, com chance de alagamentos em várias partes do Estado. A previsão indica que a chuva dará trégua somente na quarta-feira, na Região Serrana. Dia em que as temperaturas voltam a subir, chegando até a 22ºC no período da tarde. Já na parte litorânea do Estado, a chuva só para na quinta-feira.
A formação e o deslocamento de um sistema de baixa pressão pelo Estado, é o que está causando tanta chuva. A Defesa Civil de Lages está em alerta desde ontem, por causa da previsão de que na região deve chover, nas próximas 24 horas, a quantidade que seria normal para 10 ou 15 dias.
O coordenador do órgão em Lages, Cesário Flores, diz ter recebido o aviso da Defesa Civil Estadual, na manhã de hoje. "Estamos em alerta, com nosso pessoal na rua e, através da imprensa, alertando a população de regiões ribeirinhas e de deslizamentos". O coordenador esclarece que ninguém se feriu ou está desabrigado, mas demonstra preocupação com a previsão da meteorologia para a Serra.
Ele recomenda que no caso de ventos fortes ou tempestades, as pessoas devem procurar abrigo em locais seguros e não transitar em locais abertos, próximo a árvores, placas ou objetos que possam ser arremessados.
Se houver granizo é aconselhável que as pessoas se protejam em lugares com boas coberturas, ao exemplo dos banheiros das residências, fechar janelas e portas, e não manusear nenhum equipamento elétrico ou telefone devido aos raios e relâmpagos.
Sobre possíveis deslizamentos de terra, a Defesa Civil alerta que deve ser observado qualquer movimento de terra ou rochas próximas as residências. Neste caso, é recomendável que a família saia de casa e acione a Defesa Civil municipal ou o Corpo de Bombeiros. Qualquer problema deve ser comunicado à coordenadoria municipal de Defesa Civil, através do telefone de emergência 199 ou para o Corpo de Bombeiros, no número 193.
Governo autoriza a regionalização da Secretaria da Defesa Civil
O governador Raimundo Colombo recebeu ontem, a equipe da Secretaria de Estado da Defesa Civil (SDC), para uma apresentação da estrutura do órgão e seus planos de ação. Com menos de quatro meses de atuação como secretaria, a equipe apresentou seu planejamento estratégico, por meio de ações e projetos a serem desenvolvidos.
Um dos pontos chaves da reunião foi a criação das estruturas municipais que farão parte da estrutura das secretarias de Desenvolvimento Regional (SDRs). "Criar centros de atendimento da Defesa Civil dentro das Regionais é uma forma inteligente de usar a estrutura, em uma ação conjunta, realizando o atendimento de maneira imediata, principalmente na prevenção. Essa será a melhor forma de salvar vidas", destacou Colombo.
O principal projeto da Secretaria está nas ações efetivas na área da prevenção, além da regionalização da Defesa Civil Estadual, da estruturação das defesas civis municipais e o Sistema Estadual de Monitoramento e Alerta, utilizando a estrutura existente e com a nomeação de funcionários do quadro efetivo do Estado. Quanto à estruturação das defesas civis nos municípios, a SDC realizou um projeto para equipar as estruturas, capacitar os agentes e realizar mapeamentos de áreas de risco no Estado.
Famílias estão apreensivas
O autônomo Orival Figueiredo Costa, mora há 10 anos na rua Major Bibiano Rodrigues de Lima, no bairro Ferrovia. Ele conta que os moradores da rua enfrentaram desde o início do ano, em torno de oito enchentes. "Sempre que chove forte, alaga. Já perdi várias vezes meus móveis e eletrodomésticos. Já perdi a conta. Moro em área verde, mas pago IPTU, então não tenho direito de ter uma rua que não alaga?", questiona.
Ele diz que há dois tubos de 1,50 metro no local, e que um está entupido. "Nós que moramos aqui já desentupimos um, mas o outro só com máquina. O auxiliar de produção, Paulo Palhano Camargo, mora no bairro Passo Fundo e comenta que é necessário abrir mais uma galeria no local onde reside. "A galeria que há aqui não dá vazão para a água que passa", ressalta o morador.
Fonte: CL