DA SITUAÇÃO de falência para uma posição de conforto, não de privilégio. Esta é a nova realidade do hospital Faustino Riscarolli que chegou a ser interditado e hoje é um hospital sem dívidas, atendimento com emergência 24 horas e credibilidade reconquistada.
O segredo é trabalho, planejamento, dedicação e participação. O hospital que não atendia nem Correia Pinto atende agora, também as demandas de pacientes de Ponte Alta e Ponte Alta do Norte. A má gestão, em 1998, levou o hospital a fechar as portas. Dinheiro público e campanhas de ajuda levantaram o hospital. Mas em 2008, uma nova recaída quase levou à falência outra vez.
"Foi ministrado um remédio amargo, com enxugamento do quadro de pessoal, renegociadas dívidas e demos a volta por cima. Há muito o que avançar, mas tem de lembrar que o hospital não tinha nem alvará de funcionamento", diz o secretário municipal de Saúde e diretor do Hospital, Dilmar Ribeiro Pereira.
Ele explica que o hospital sobrevive como qualquer unidade de saúde do gênero. Das Autorizações de Internamento Hospitalar (AIHs). Em abril foram 87 AIHs. Por mês, o Faustino Riscarolli arrecada em média R$ 90 mil. A antiga associação mantenedora do hospital abriu mão, quando percebeu que não conseguiria mais reverter o quadro de falência. Haviam até equipamentos penhorados pela Justiça.
Nos últimos dois anos, a prefeitura já pagou mais de R$ 1.5 milhão em dívidas e ainda continua liquidando precatórios herdados do hospital. Para compensar a falta de funcionários, a prefeitura cedeu 13 servidores da saúde para o hospital. Ao todo são 23 funcionários e seis médicos no hospital que se revezem em escalas de plantão.
Correia Pinto ainda chegou a ser selecionada ano passado para receber do governo federal uma sala de estabilização e repasse mensal de R$ 35 mil. Mas até agora não foi liberado pelo Ministério da Saúde. Enquanto o novo fôlego financeiro não vem, a direção do hospital planeja reabrir o centro cirúrgico, mas esbarra na falta de recursos.
Emergência em Correia Pinto evita grande demanda de pacientes a Lages
Em janeiro foram 1.088 atendimentos na emergência do Hospital Faustino Riscarolli. Em fevereiro 1.194, março 1.600 e abril 2.281 atendimentos. Grande parte desses pacientes seriam transportados para Lages, se não houvesse o serviço em Correia Pinto.
O prefeito Vânio Forster reconhece que o hospital ainda precisa de avanços. Mas está limitado a questões financeiras. "Precisamos de um cirurgião, um instrumentista e um anestesista para o centro cirúrgico. Mas sabemos que este corpo técnico e mais alguns equipamentos não saem por menos de R$ 30 mil mensal", frisa o prefeito.
O aumento de especialidades é uma das metas para evitar a "ambulancioterapia" para Lages. Só que antes, vem a garantia de dinheiro para o serviço. E uma das saídas encontradas para ampliar os serviços, tem sido parcerias com empresas, como a Klabin e a Kimberly que fazem repasses mensais.
Só em procedimentos de raio-x, são feitos mais de 900 exames por mês a pacientes de Correia Pinto. Ponte Alta e Ponte Alta do Norte demandam mais 200 raio-x e pagam pelos serviços num convênio direto com o hospital.
Para completar 100% de eficiência, o Hospital Faustino Riscarolli ainda precisaria ao menos dez novos funcionários. Como isso não é possível, os colaboradores se desdobram para não deixar ninguém sem atendimento. A ocupação média dos 28 leitos oscila em 50% e pelos dados da direção do hospital, o sucesso tem sido trabalhar com fluxo de caixa. "A recomendação é só gastar o que se tem em caixa. O hospital não pode operar no vermelho, mas também não pode deixar de atender a população", diz o prefeito.