"O QUE HOUVE foi um mal entendido. Não haverá assentamento na região serrana". A afirmação é do superintendente do Incra, em Santa Catarina, João Paulo Strapazzon, ao ser indagado semana passada, pelo presidente da Amures, Janerson Delfes Furtado, sobre a implantação de um grande assentamento entre Campo Belo do Sul e Cerro Negro.
Preocupado com a possibilidade de uma grande desapropriação e implantação de assentamento com mil famílias na Serra Catarinense, o presidente da Amures questionou o responsável pelo Incra.
Com ele, estiveram no órgão federal em Florianópolis, o prefeito de Campo Belo do Sul, Firmino Chaves Branco e o presidente do Sindicato Rural de Campo Belo, José Tadeu Martins de Oliveira. Um ofício assinado por 17 dos 18 prefeitos da região foi entregue ao superintendente do Incra.
"Quero deixar claro que nós prefeitos não somos contra assentar famílias. Mas, não podemos permitir que a região sirva de depósito de gente. Primeiro tem de ser dadas condições às famílias já assentadas para desenvolver suas atividades e viver com dignidade", declara Janerson Furtado. O que deixou os prefeitos perplexos é que poderia ser implantado um assentamento com mais de mil famílias.
O superintendente esclareceu que não há previsão de implantar um grande assentamento, mas, admitiu que a Serra Catarinense comporta assentar centenas de famílias.
Ele esclareceu como funcionam os critérios para a identificação das propriedades a serem utilizadas na reforma agrária. Como por exemplo, o parâmetro de produtividade que é comparado aos índices de 1975.
Ele também citou as formas de avaliar as propriedades e disse que existem outras formas para realização da reforma agrária como a compra de propriedades ou até por questões ambientais.
O prefeito Firmino Branco falou sobre a preocupação com os assentados que estão em más condições de instalações e dos serviços públicos como saúde e educação que são precários.
João Strapazzon explicou que está sendo realizado o planejamento de investimentos denominado Plano de Desenvolvimento Agrário (PDA), especialmente para o assentamento de Campo Belo do Sul.
Questões relacionadas aos processos de estruturação das áreas antes de receber as famílias, foram postas pelos prefeitos para que não se crie um passivo social dentro dos municípios.
Por sua vez, João Strapazzon disse que não há como fazer as obras antes de assentar as famílias, mas garantiu que o Incra estará sempre disposto a esclarecimentos e a tentar fazer seu papel de forma dialogada na região e sem imposições.
"Este encontro foi importante para esclarecer e tirar dúvidas que assombravam famílias que estão produzindo e tiveram vistoria do Incra em suas propriedades", reiterou o presidente da Amures.