QUEM CHEGAVA a Urupema nesta quinta-feira (5), se sentia um pouco na Europa. O Morro das Antenas coberto por uma espessa camada de neve demonstrava a intensidade do fenômeno que não se manifestava com tão longa duração, havia mais de 14 anos.
Junto com o clarear do dia chegaram dezenas de turistas. De cidades como Florianópolis, Itapema, Ituporanga, Balneário Camboriú, Criciúma e até do Oeste catarinense, algumas famílias viajaram horas em busca da neve.
E encontraram num dos pontos mais altos do Estado, com mais de 1.600 metros de altitude. A camada de gelo só derreteu completamente por volta de meio-dia.
O prefeito Amarildo Gaio reconhece que num momento desses, em que a neve se manifesta de surpresa, não há estrutura para acolher a demanda de turistas.
Mas tem se esforçado para melhorar os acessos, como a pavimentação da rodovia que leva ao Morro das Antenas. Até início do ano que vem, o asfalto deve estar pronto. As obras estão em andamento.
O acúmulo de neve nas rodovias levou a Polícia Militar Rodoviária a interditar temporariamente o tráfego em alguns pontos e só na madrugada de ontem, o trânsito na Serra do Rio do Rastro voltou ao normal.
"Tivemos pequenos acidentes. O turista foi prudente. Entre São Joaquim e a Serra do Rio do Rastro se forma uma lâmina de gelo em alguns trechos e o asfalto fica escorregadio", avisa o comandante do posto da PMR de Painel, sargento Túlio César Schilisting. O fluxo na SC-438 aumentou 30% entre quarta e quinta-feira. Nos pontos mais altos a neve chegou a quebrar galhos de árvores. Na estrada de acesso ao Morro das Torres, dois postes da rede elétrica caíram. O chão encharcado e a neve acumulada na rede e no poste quebrou o concreto e interditou o trânsito.
Família viaja 140 quilômetros para fazer piquenique na neve
A notícia de que estava nevando na Serra Catarinense fez com que o comerciante de Ituporanga, Jucéli Iomes, 43 anos, não pensasse duas vezes e viajasse a Urupema.
Com o filho Júlio Iomes, 11 anos e o sogro, Elmo Rogério de Oliveira, 66 anos, eles fizeram uma "linguiça no disco" acampados sobre a neve.
O grupo viajou 140 quilômetros para sentir a real sensação do frio. "Já estive aqui outras vezes, mas nunca nessas circunstâncias. É algo indescritível", opina o comerciante.
Eles montaram até uma mesa para celebrar a neve. Café e pão acompanhava a linguiça que era oferecida aos que chegaram no Morro das Torres.
"A impressão é que isso aqui não é o Brasil. Não tem palavras que traduzam isso", disse Elmo de Oliveira.
Júlio nunca tinha visto neve e a descreveu como "um show". O menino nem ligou para o frio e queria mesmo era fazer fotos para postar no Orkut. "Sinto muito frio nos dedos. Mas o que importa são as fotos", comentou Júlio em clima de festa.