Coletiva de imprensa: Ziulkoski fala sobre impacto da crise mundial no país
“Embora a crise iniciada nos Estados Unidos tenha, pelo menos em sua fase inicial, uma natureza financeira, os efeitos da falta de liquidez no sistema financeiro mundial não vão demorar a ser sentidos no lado real da economia brasileira”. A afirmação é de Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), proferida durante coletiva de imprensa no dia 16 de dezembro, na sede da entidade, em Brasília.
A coletiva foi convocada por Ziulkoski para divulgar estudo inédito da CNM relativo ao impacto da crise econômica mundial sobre o crescimento do país. Segundo as conclusões do estudo, o reflexo da crise sobre as receitas públicas brasileiras pode ser muito pior do que prevê o Ministério da Fazenda, podendo chegar a uma arrecadação nominal cerca de R$ 62 bilhões a menos se o Produto Interno Bruto (PIB) crescer apenas 2% acima da inflação, em vez dos 4% esperados pelo governo.
“Com as informações disponíveis até o momento sobre a atual crise financeira mundial, a estimativa consensual entre os especialistas é a de que será, em parte, reduzido o ritmo de crescimento que a arrecadação pública brasileira tem experimentado nos últimos anos, nas diversas esferas de governo”, salientou o presidente da CNM.
De acordo com Ziulkoski, as receitas dos municípios brasileiros sentirão o impacto da crise provavelmente já a partir dos próximos meses. O grau desse impacto ainda é uma incógnita, pois dependerá de quanto a queda de liquidez e crédito irá se traduzir em recessão. Como não é possível, ainda, determinar qual será o cenário econômico em 2009, em termos de previsão, é viável apenas que se estabeleça como ficaria a arrecadação frente a alguns prováveis cenários.
"Nesse sentido, só é sensato adiantar, com segurança, a seqüência esperada em que os desdobramentos da crise afetarão a arrecadação dos municípios e das demais esferas”, afirmou Ziulkoski. Sabe-se que o primeiro impacto será sobre a lucratividade das empresas brasileiras. Como recentemente o lucro das empresas tem sido o principal responsável pelo expressivo crescimento que a arrecadação do imposto de renda (IR) apresentou nos últimos anos, é de se esperar uma redução dessa tendência.
Para os municípios, estima-se que a primeira receita a sofrer o impacto negativo da crise seja o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), já que cerca de 4/5 do fundo são compostos por um percentual do IR.